Marcos
João Batista
"Mt 3.1-12; Lc 3.1-18; Jo 1.6-8, 19-36"
- 1Princípio do evangelho de Jesus Cristo, o Filho de Deus.
- 2"Conforme está escrito no profeta Isaías: Estou enviando à tua frente meu mensageiro, que preparará teu caminho;"
- 3voz do que clama no deserto: Preparai o caminho do Senhor, endireitai suas veredas.
- 4Assim apareceu João Batista no deserto,* pregando batismo de arrependimento para perdão dos pecados.
- 5Todos os da terra da Judeia e todos os moradores de Jerusalém dirigiam-se a ele, e eram batizados por ele no rio Jordão, confessando seus pecados.
- 6"João usava roupas de pelos de camelo e um cinto de couro; comia gafanhotos e mel silvestre."
- 7E pregava, dizendo: Depois de mim vem aquele que é mais poderoso do que eu, de quem não sou digno de, inclinando-me, desatar as correias das sandálias.
- 8"Eu vos batizo com* água; ele, porém, vos batizará com o Espírito Santo."
O batismo e a tentação de Jesus
"Mt 3.13-17 e 4.1-11; Lc 3.21, 22"
- 9Naqueles dias, veio Jesus de Nazaré da Galileia e foi batizado por João no Jordão.
- 10E logo que saiu da água, Jesus viu os céus se abrirem, e o Espírito descendo como pomba sobre ele.
- 11"E uma voz disse* dos céus: Tu és o meu Filho amado; em ti me agrado."
- 12Imediatamente, o Espírito o levou para o deserto.
- 13E esteve no deserto quarenta dias, sendo tentado por Satanás. Estava com as feras, e os anjos o serviam.
O chamado dos primeiros discípulos
"Mt 4.18-25; Lc 5.1-11"
- 14Depois que João foi preso, Jesus foi para a Galileia, pregando o evangelho de Deus
- 15e dizendo: Completou-se o tempo, e o reino de Deus está próximo. Arrependei-vos e crede no evangelho.
- 16Andando junto ao mar da Galileia, viu Simão e André, seu irmão. Eles estavam lançando as redes ao mar, pois eram pescadores.
- 17Disse-lhes Jesus: Vinde a mim, e eu vos tornarei pescadores de homens.
- 18Então, imediatamente, eles largaram as redes e o seguiram.
- 19Passando um pouco mais adiante, Jesus viu os irmãos Tiago e João, filhos de Zebedeu, que estavam no barco consertando as redes,
- 20e logo os chamou. E eles passaram a segui-lo, deixando seu pai Zebedeu com os empregados no barco.
A cura de um endemoninhado em Cafarnaum
Lc 4.31-37
- 21Eles entraram em Cafarnaum e, chegando o sábado, Jesus foi à sinagoga* e começou a ensinar.
- 22E todos se maravilharam com o seu ensino, porque os ensinava como quem tem autoridade, e não como os escribas.*
- 23Havia na sinagoga um homem possesso de um espírito impuro, que gritou:
- 24Que temos nós contigo, Jesus nazareno? Vieste para destruir-nos? Sei quem tu és, o Santo de Deus.
- 25Mas Jesus o repreendeu, dizendo: Cala-te e sai dele.
- 26Então o espírito impuro o agitou causando-lhe convulsões e, gritando, saiu dele.
- 27E todos se maravilharam a ponto de perguntarem entre si: O que é isto? Um novo ensino com autoridade!* Ele ordena aos espíritos impuros, e eles lhe obedecem!
- 28E logo sua fama se espalhou por toda a região da Galileia.
A cura da sogra de Pedro
"Mt 8.14-17; Lc 4.38-41"
- 29Depois de sair da sinagoga, Jesus foi para a casa de Simão e André, acompanhado de Tiago e João.
- 30A sogra de Simão estava de cama, com febre, e logo lhe falaram a respeito dela.
- 31Então, Jesus aproximou-se, tomou-a pela mão e a levantou. A febre a deixou, e ela começou a servi-los.
- 32"Quando anoiteceu, depois que o sol se pôs, trouxeram-lhe todos os doentes e endemoninhados;"
- 33e toda a cidade estava reunida à porta da casa.
- 34"E ele curou muitos doentes acometidos de diversas enfermidades e expulsou muitos demônios; mas não permitia que os demônios falassem, porque eles sabiam quem ele era."
- 35"De madrugada, ainda bem escuro, Jesus levantou-se, saiu e foi a um lugar deserto; e ali começou a orar."
- 36Então Simão e seus companheiros saíram para procurá-lo
- 37e, quando o encontraram, disseram-lhe: Todos te procuram.
- 38Jesus lhes respondeu: Vamos a outros lugares, aos povoados vizinhos, para que também eu pregue ali, pois foi para isso que vim.
- 39Foi, então, por toda a Galileia, pregando nas sinagogas deles e expulsando os demônios.
A cura de um leproso
"Mt 8.1-4; Lc 5.12-14"
- 40Aproximou-se dele um leproso,* que lhe suplicou, de joelhos: Se quiseres, podes purificar-me.
- 41"Jesus, movido por compaixão, estendeu a mão, tocou-o e disse: Quero; fica purificado."
- 42Imediatamente a lepra desapareceu, e ele ficou purificado.
- 43E, advertindo-o severamente, Jesus logo o mandou embora,
- 44dizendo-lhe: Olha, não digas nada a ninguém. Mas vai mostrar-te ao sacerdote e oferece pela tua purificação o que Moisés determinou, para que lhes sirva de testemunho.
- 45Ele, porém, saindo dali, começou a tornar público o que havia ocorrido e a divulgá-lo por toda parte. Desse modo, Jesus já não podia entrar abertamente numa cidade, mas ficava fora, em lugares desertos. Mesmo assim, as pessoas iam até ele, vindas de todos os lugares.
O paralítico de Cafarnaum
"Mt 9.1-8; Lc 5.17-26"
- 1"Alguns dias depois, Jesus entrou outra vez em Cafarnaum; e souberam que ele estava em casa."
- 2"Muitas pessoas reuniram-se ali, a ponto de não haver lugar nem mesmo diante da porta; e ele lhes anunciava a palavra."
- 3Então, chegaram alguns homens, trazendo-lhe um paralítico, carregado por quatro deles.
- 4Impedidos de aproximar-se dele por causa da multidão, removeram parte da cobertura da casa, abrindo passagem pelo teto, acima do lugar em que Jesus estava. Então baixaram a maca* em que o paralítico estava deitado.
- 5Vendo-lhes a fé, Jesus disse ao paralítico: Filho, os teus pecados estão perdoados.
- 6Estavam sentados ali alguns escribas, que pensavam no coração:
- 7Por que esse homem fala dessa maneira? Ele está blasfemando! Quem pode perdoar pecados senão um só, que é Deus?
- 8Mas Jesus logo percebeu em seu espírito que eles pensavam assim no íntimo e perguntou-lhes: Por que pensais desse modo no coração?
- 9O que é mais fácil dizer ao paralítico: Os teus pecados estão perdoados, ou: Levanta-te, toma a tua maca e anda?
- 10Mas, para que saibais que o Filho do homem tem autoridade para perdoar pecados na terra (disse ao paralítico),
- 11eu te digo: Levanta-te, toma a tua maca e vai para casa.
- 12"Então ele se levantou e, pegando logo a maca, saiu à vista de todos; de modo que todos ficaram maravilhados e glorificavam a Deus, dizendo: Nunca vimos coisa igual!"
O chamado de Levi
"Mt 9.9-13; Lc 5.27-32"
- 13Jesus saiu novamente para beira-mar, e toda a multidão ia até ele, e ele os ensinava.
- 14Quando ia passando, viu Levi, filho de Alfeu, sentado na coletoria, e disse-lhe: Segue-me. E, levantando-se, Levi o seguiu.
- 15Quando Jesus estava à mesa, na casa de Levi, estavam também ali muitos publicanos* e pecadores sentados* junto dele e de seus discípulos, pois eram em grande número e o seguiam.
- 16Os escribas do partido dos fariseus, vendo que ele comia com publicanos e pecadores, perguntavam aos discípulos: Por que ele come com publicanos e pecadores?
- 17"Jesus, porém, ouvindo isso, disse-lhes: Os sãos não precisam de médico, mas sim os doentes; eu não vim chamar justos, mas pecadores."
A questão do jejum
"Mt 9.14-17; Lc 5.31-39"
- 18Os discípulos de João e os fariseus estavam jejuando e foram perguntar-lhe: Por que os discípulos de João e os dos fariseus jejuam, mas os teus discípulos não?
- 19Jesus lhes respondeu: Acaso os convidados para o casamento podem jejuar enquanto o noivo está com eles? Enquanto o noivo está com eles não podem jejuar.
- 20"Mas chegarão os dias em que o noivo lhes será tirado; naqueles dias jejuarão."
- 21Ninguém costura remendo de pano novo em roupa velha, porque o remendo novo se desprenderá da roupa velha, e o rasgo será ainda maior.
- 22"E ninguém põe vinho novo em recipiente de couro velho; porque o vinho novo romperá o recipiente de couro, e se perderão tanto o vinho quanto o recipiente de couro; mas põe-se vinho novo em recipiente de couro novo."
Jesus é Senhor do sábado
"Mt 12.1-8; Lc 6.1-5"
- 23E aconteceu que Jesus passava pelos campos de cereais em dia de sábado e, enquanto caminhavam, seus discípulos começaram a colher espigas.
- 24E os fariseus lhe perguntaram: Por que eles estão fazendo o que não é permitido no sábado?
- 25Ele lhes respondeu: Acaso nunca lestes o que Davi fez quando ele e seus companheiros estavam em necessidade e com fome?
- 26Como ele entrou na casa de Deus, no tempo do sumo sacerdote Abiatar, e comeu dos pães consagrados,* dos quais apenas os sacerdotes tinham permissão para comer, e deu também aos companheiros?
- 27E prosseguiu: O sábado foi feito por causa do homem, e não o homem por causa do sábado.
- 28De modo que o Filho do homem é Senhor até mesmo do sábado.
Jesus cura um homem no sábado
"Mt 12.9-14; Lc 6.6-11"
- 1Outra vez Jesus entrou numa sinagoga, e estava ali um homem com uma das mãos atrofiada.
- 2E o observavam com atenção para ver se ele cura¬ria o homem no sábado, a fim de o acusarem.
- 3E Jesus disse ao homem cuja mão era atrofiada: Levanta-te e vem para o meio.
- 4Então lhes perguntou: É permitido fazer o bem ou o mal no sábado? Salvar a vida ou matar? Eles, porém, ficaram calados.
- 5Olhando para eles ao redor, indignado e muito triste por causa da dureza do coração deles, disse ao homem: Estende a tua mão. Ele a estendeu, e ela lhe foi restaurada.
- 6Mas, assim que saíram dali, os fariseus conspiraram com os herodianos contra ele, a fim de o matar.
- 7Jesus, porém, retirou-se com seus discípulos para beira-mar, e uma grande multidão, vinda da Galileia, o seguiu.
- 8Tendo ouvido falar de tudo quanto ele fazia, foram até ele grandes multidões procedentes da Judeia, de Jerusalém, da Idumeia e do outro lado do Jordão, e das regiões ao redor de Tiro e Sidom.
- 9E ele disse a seus discípulos que lhe preparassem um barquinho, por causa da multidão, para que não o comprimissem,
- 10pois havia curado muitos, de modo que todos quantos tinham alguma doença empurravam-se na direção dele para tocá-lo.
- 11E quando os espíritos impuros o viam, prostravam-se diante dele e gritavam: Tu és o Filho de Deus.
- 12Mas ele os repreendia com severidade para que não divulgassem quem ele era.
A escolha dos Doze
"Mt 10.1-4; Lc 6.12-16"
- 13"Depois Jesus subiu a um monte e chamou os que ele mesmo quis; e estes foram até ele."
- 14Então designou doze para que estivessem com ele, e os enviasse a pregar,
- 15e para que tivessem autoridade para expulsar demônios.
- 16"Estes são os doze que ele designou: Simão, a quem deu o nome de Pedro;"
- 17"Tiago, filho de Zebedeu, e seu irmão João, aos quais deu o nome de Boanerges, que significa filhos do trovão;"
- 18"André; Filipe; Bartolomeu; Mateus; Tomé; Tiago, filho de Alfeu; Tadeu; Simão, o cananeu,*"
- 19e Judas Iscariotes, que o traiu.
A blasfêmia dos escribas
"Mt 12.22-32; Lc 11.14-28"
- 20Depois ele entrou numa casa, e novamente aglomerou-se uma multidão, de modo que não podiam nem mesmo comer.
- 21Quando seus familiares souberam disso, saíram para impedi-lo, pois diziam: Ele está fora de si.
- 22E os escribas que tinham descido de Jerusalém diziam: Ele está possuído por Belzebu. É pelo chefe dos demônios que expulsa os demônios.
- 23Então Jesus os chamou e lhes disse por parábolas: Como pode Satanás expulsar Satanás?
- 24Se um reino estiver dividido contra si mesmo, tal reino não poderá subsistir.
- 25Se uma casa estiver dividida contra si mesma, tal casa não poderá subsistir.
- 26"E se Satanás se opõe a si mesmo e está dividido, não poderá subsistir; mas chegou o seu fim. "
- 27"Pois ninguém pode entrar na casa do valente e roubar-lhe os bens sem que primeiro o amarre; então lhe saqueará a casa."
- 28Em verdade vos digo: Todos os pecados serão perdoados aos filhos dos homens, bem como todas as blasfêmias que proferirem,
- 29"mas quem blasfemar contra o Espírito Santo nunca mais terá perdão; mas será culpado de pecado eterno."
- 30Pois diziam: Ele está possuído por um espírito impuro.
A família de Jesus
"Mt 12.46-50; Lc 8.19-21"
- 31"Então a mãe e os irmãos de Jesus chegaram e ficaram do lado de fora da casa; e mandaram chamá-lo."
- 32Havia muita gente sentada ao redor dele, e disseram-lhe: Tua mãe e teus irmãos estão lá fora e te procuram.
- 33Jesus lhes respondeu: Quem é minha mãe e quem são meus irmãos?
- 34E olhando em redor para os que estavam sentados à sua volta, disse: Aqui estão minha mãe e meus irmãos!
- 35Aquele, pois, que fizer a vontade de Deus, esse é meu irmão, irmã e mãe.
A parábola do semeador
"Mt 13.1-23; Lc 8.4-15"
- 1De novo Jesus começou a ensinar à beira-mar. E aglomerou-se perto dele tão grande multidão que ele teve de entrar e sentar-se num barco que estava no mar. E todo o povo ficou em terra à beira-mar.
- 2Ele lhes ensinava muitas coisas por meio de parábolas e dizia-lhes:
- 3"Ouvi; o semeador saiu a semear."
- 4Enquanto semeava, parte das sementes caiu à beira do caminho, e vieram as aves e a comeram.
- 5"Outra parte caiu em solo pedregoso, onde não havia muita terra; e logo brotou, pois a terra não era profunda. "
- 6"Quando saiu o sol, este a queimou; e, como ela não tinha raiz, secou."
- 7Outra parte caiu entre os espinhos, os quais, crescendo, sufocaram-na, e ela não deu fruto.
- 8"Mas outras sementes caíram em terra boa. Brotaram, cresceram e deram fruto; e um grão produziu outros trinta; outro, sessenta; e outro, cem."
- 9E disse-lhes: Quem tem ouvidos para ouvir, ouça.
- 10Quando ficou só, os que estavam ao seu redor e os Doze perguntaram-lhe acerca das parábolas.
- 11Ele lhes disse: A vós é confiado o mistério do reino de Deus, mas tudo se diz por meio de parábolas aos de fora,
- 12"para que, vendo, vejam e não percebam; e ouvindo, ouçam e não entendam, para que não se convertam e não sejam perdoados."
- 13Disse-lhes ainda: Não compreendeis esta parábola? Como entendereis todas as outras?
- 14O semeador semeia a palavra.
- 15Os que estão à beira do caminho são aqueles em quem a palavra é semeada, mas, depois de ouvi-la, logo vem Satanás e tira a palavra neles semeada.
- 16Do mesmo modo, os que foram semeados em lugares pedregosos são os que, ouvindo a palavra, imediatamente a recebem com alegria,
- 17mas, como não têm raiz em si mesmos, duram pouco. Quando vem a tribulação ou a perseguição por causa da palavra, logo tropeçam.*
- 18Outros ainda são os que recebem a semente entre espinhos. Estes são os que ouvem a palavra,
- 19mas as preocupações do mundo, a sedução da riqueza e o desejo por outras coisas sufocam a palavra, e ela fica infrutífera.
- 20"Os outros que recebem a semente em terra boa são os que ouvem a palavra, acolhem-na e dão fruto; alguns trinta por um; outros, sessenta por um; e outros, cem por um."
A parábola da candeia
Lc 8.16-18
- 21Disse-lhes mais: Será que a candeia deve ser colocada debaixo da vasilha ou debaixo da cama? Não deve ser colocada no velador?
- 22Porque nada está encoberto que não seja para ser manifesto, e nada foi escondido senão para vir à luz.
- 23Se alguém tem ouvidos para ouvir, ouça.
- 24"Também lhes disse: Dai atenção ao que ouvis; com a medida com que medis também vos medirão, e ainda vos acrescentarão."
- 25Pois ao que tem, mais lhe será dado, mas ao que não tem, até o que tem lhe será tirado.
A parábola da semente
- 26"Disse também: O reino de Deus é comparável a um homem que lança a semente à terra;"
- 27quer esteja ele dormindo à noite, quer acordado de dia, a semente acaba brotando e crescendo, sem ele saber como.
- 28A terra produz o grão por si mesma, primeiro a planta, depois a espiga, e por último o grão que enche a espiga.
- 29Mas, assim que o grão amadurece, o homem logo lhe passa a foice, porque chegou a colheita.
A parábola do grão de mostarda
"Mt 13.31, 32; Lc 13.18-21"
- 30Disse ainda: A que compararemos o reino de Deus? Ou, com que parábola o representaremos?
- 31É como um grão de mostarda que, ao ser semeado na terra, é a menor de todas as sementes,
- 32mas, uma vez semeado, cresce, torna-se a maior de todas as hortaliças e estende grandes ramos, de tal modo que as aves do céu podem aninhar-se à sua sombra.
- 33E dirigia-lhes a palavra com muitas outras parábolas como essas, conforme conseguiam compreender.
- 34E não lhes ensinava sem usar parábolas, mas explicava tudo a seus discípulos em particular.
Jesus acalma a tempestade
"Mt 8.23-27; Lc 8.22-25"
- 35Tarde naquele dia, Jesus lhes disse: Passemos para o outro lado.
- 36E, deixando a multidão, eles o levaram consigo no barco, assim como estava. Outros barcos o seguiam.
- 37Levantou-se então um grande vendaval, e as ondas arremessavam-se contra o barco, de modo que ele já estava inundando.
- 38Jesus, porém, estava na popa, dormindo sobre uma almofada. Os discípulos o despertaram e lhe perguntaram: Mestre, não te importas que pereçamos?
- 39E, levantando-se, ele repreendeu o vento e disse ao mar: Cala-te! Aquieta-te! E o vento cessou, e fez-se grande calmaria.
- 40Então lhes perguntou: Por que estais tão amedrontados? Ainda não tendes fé?
- 41Eles ficaram apavorados e diziam uns aos outros: Quem é este, que até o vento e o mar lhe obedecem?
O endemoninhado geraseno
"Mt 8.28-34; Lc 8.26-39"
- 1Chegaram então ao outro lado do mar, à terra dos gerasenos.
- 2Assim que Jesus saiu do barco, um homem possesso de um espírito impuro veio dos sepulcros ao seu encontro.
- 3"Esse homem morava nos sepulcros; nem mesmo com correntes alguém era capaz de prendê-lo, "
- 4porque ele havia sido preso muitas vezes com algemas e correntes, mas as correntes eram quebradas por ele, e as algemas, despedaçadas. Ninguém tinha força para dominá-lo.
- 5Noite e dia, ele andava sempre gritando e se ferindo com pedras pelos sepulcros e pelos montes.
- 6Ao ver Jesus de longe, correu e prostrou-se diante dele,
- 7clamando em alta voz: Que tenho eu contigo, Jesus, Filho do Deus Altíssimo? Rogo-te por Deus que não me atormentes.
- 8Pois Jesus lhe dissera: Sai desse homem, espírito impuro.
- 9E perguntou-lhe: Qual é o teu nome? E ele respondeu: Meu nome é Legião, porque somos muitos.
- 10E rogava-lhe muito que não os enviasse para fora da região.
- 11Uma grande manada de porcos pastava perto dali num monte.
- 12E os demônios rogaram a Jesus, dizendo: Manda-nos para aqueles porcos, para que entremos neles.
- 13E ele assim lhes permitiu. Então os espíritos impuros saíram do homem e entraram nos porcos. A manada, que era de uns dois mil animais, precipitou-se pelo despenhadeiro no mar, onde todos se afogaram.
- 14Os que cuidavam dos porcos fugiram e anunciaram essas coisas na cidade e nos campos. E muitos foram ver o que havia acontecido.
- 15Quando se aproximaram de Jesus e viram o endemoninhado, o que fora possuído pela legião, sentado, vestido e em perfeito juízo, ficaram com medo.
- 16E os que tinham visto aquilo contaram-lhes o que havia acontecido ao endemoninhado e aos porcos.
- 17Então eles começaram a rogar a Jesus que se retirasse do seu território.
- 18Quando Jesus entrou no barco, o homem que fora endemoninhado pediu-lhe que lhe permitisse acompanhá-lo.
- 19Jesus, porém, não lhe deu permissão, mas disse: Vai para casa, para a tua família, e anuncia-lhes quanto o Senhor fez por ti e como teve misericórdia de ti.
- 20"Ele se retirou e começou a divulgar em Decápolis tudo quanto Jesus lhe havia feito; e todos se admiravam."
A filha de Jairo e a cura da mulher com hemorragia
"Mt 9.18-26; Lc 8.40-56"
- 21Quando Jesus voltou de barco para o outro lado, estando à beira-mar, uma grande multidão aglomerou-se perto dele.
- 22Então chegou um dos chefes da sinagoga, chamado Jairo, e logo que viu Jesus, prostrou-se aos seus pés,
- 23"e lhe rogava com insistência: Minha filhinha está prestes a morrer; rogo-te que venhas e lhe imponhas as mãos para que seja curada e viva."
- 24E Jesus foi com ele. Uma grande multidão o seguia e o comprimia.
- 25Estava ali uma certa mulher que por doze anos sofria de uma hemorragia.
- 26"Ela havia sofrido muito nas mãos de vários médicos, tendo gastado tudo quanto possuía, sem obter melhora alguma; pelo contrário, piorava. "
- 27Tendo ouvido a respeito de Jesus, veio por trás dele, no meio da multidão, e tocou-lhe o manto,
- 28pois pensava: Se tão somente tocar-lhe as vestes, serei curada.
- 29Sua hemorragia estancou imediatamente, e ela sentiu no corpo que já estava curada do seu mal.
- 30Jesus logo percebeu que dele havia saído poder. Então virou-se no meio da multidão e perguntou: Quem tocou as minhas roupas?
- 31Os seus discípulos lhe disseram: Vês que a multidão te pressiona, e perguntas: Quem me tocou?
- 32Mas ele olhava em redor para ver quem havia feito aquilo.
- 33Então a mulher, atemorizada e trêmula, ciente do que lhe havia acontecido, foi, prostrou-se diante dele e contou-lhe toda a verdade.
- 34"E Jesus lhe disse: Filha, a tua fé te salvou;* vai-te em paz e fica livre desse teu mal."
- 35"Enquanto ele ainda falava, chegaram pessoas da casa do chefe da sinagoga, a quem disseram: A tua filha já morreu; por que ainda incomodas o Mestre?"
- 36Percebendo isso, Jesus disse ao chefe da sinagoga: Não temas, crê somente.
- 37E não permitiu que o acompanhassem, com exceção de Pedro, Tiago e João, irmão de Tiago.
- 38Quando chegaram à casa do chefe da sinagoga, Jesus viu o alvoroço dos que choravam e lamentavam muito.
- 39E, entrando, disse-lhes: Por que fazeis alvoroço e chorais? A menina não está morta, mas dormindo.
- 40E começaram a rir dele. Ele, porém, fez com que todos saíssem, tomou consigo o pai e a mãe da menina, e os que o haviam acompanhado, e entrou onde a menina estava.
- 41E, tomando-a pela mão, disse-lhe: Talita cumi, que quer dizer: Menina, eu te ordeno, levanta-te.
- 42Então a menina, que tinha doze anos de idade, levantou-se imediatamente e começou a andar. E todos foram tomados de grande espanto.
- 43"E ele lhes ordenou expressamente que ninguém soubesse disso; e mandou que dessem de comer à menina."
Jesus é rejeitado em Nazaré
"Mt 13.54-58; Lc 4.14-30"
- 1Jesus saiu dali e foi para sua terra, e os discípulos o seguiram.
- 2"Chegando o sábado, começou a ensinar na sinagoga; ao ouvi-lo, muitos se maravilhavam, dizendo: De onde lhe vêm essas coisas? Que sabedoria é essa que lhe foi dada? Como se fazem tais milagres por suas mãos?"
- 3Este não é o carpinteiro, filho de Maria, irmão de Tiago, de José, de Judas e de Simão? E suas irmãs não estão aqui entre nós? E escandalizavam-se por causa dele.
- 4Então Jesus lhes disse: Somente em sua terra, entre seus parentes e em sua própria casa é que um profeta não é honrado.
- 5E não pôde realizar nenhum milagre ali, a não ser curar alguns poucos doentes, impondo-lhes as mãos.
- 6E admirou-se da incredulidade deles. Em seguida, Jesus percorreu os povoados das redondezas, ensinando.
A missão dos Doze
"Mt 10; Lc 9.1-6"
- 7E chamando a si os Doze, começou a enviá-los em duplas e deu-lhes poder sobre os espíritos impuros.
- 8"Também ordenou-lhes que não levassem nada para a viagem, a não ser um bordão; nem pão, nem bolsa de viagem, nem dinheiro no cinto,"
- 9mas que fossem calçados de sandálias e não vestissem duas túnicas.*
- 10Disse-lhes ainda: Onde quer que entrardes numa casa, ficai nela até partir do lugar.
- 11E se em algum lugar não vos receberem nem vos ouvirem, ao sair de lá sacudi o pó debaixo dos vossos pés, em testemunho contra eles.
- 12Então eles foram e pregaram ao povo que se arrependesse.
- 13Expulsavam muitos demônios, ungiam muitos doentes com óleo e os curavam.
A morte de João Batista
"Mt 14.1-12; Lc 9.7-9"
- 14"O rei Herodes soube disso (pois o nome de Jesus se tornara conhecido). E algumas pessoas diziam:* João Batista ressuscitou dos mortos; por isso esses poderes miraculosos atuam nele."
- 15Mas outros afirmavam: É Elias. E outros ainda diziam: É um profeta como os antigos.*
- 16Mas, Herodes, ouvindo isso, dizia: É João que ressuscitou, aquele a quem mandei decapitar.
- 17Porque o próprio Herodes havia mandado prender João e mantê-lo amarrado no cárcere por causa de Herodias, mulher de seu irmão Filipe, com a qual Herodes havia se casado.
- 18Pois João lhe dizia: Não te é permitido viver com a mulher de teu irmão.
- 19Por isso Herodias o odiava e queria matá-lo, mas não podia,
- 20porque Herodes temia João, sabendo que era um homem justo e santo, e o mantinha em segurança. Ao ouvi-lo, Herodes ficava muito impressionado e o escutava de boa vontade.
- 21Chegando, porém, um dia oportuno, o dia do seu aniversário, em que Herodes ofereceu um banquete aos mais importantes da sua corte, aos seus oficiais militares e às autoridades da Galileia,
- 22a filha da própria Herodias apresentou-se e, dançando, agradou a Herodes e aos convidados. Então o rei disse à jovem: Pede-me o que quiseres, e eu o darei a ti.
- 23E acrescentou, jurando: Tudo o que me pedires te darei, ainda que seja metade do meu reino.
- 24Tendo ela saído, perguntou à sua mãe: Que pedirei? Ela respondeu: A cabeça de João Batista.
- 25E voltando depressa à presença do rei, pediu: Quero que me dês agora mesmo a cabeça de João Batista em um prato.
- 26O rei entristeceu-se muito, mas, por causa do seu juramento e dos convidados, não quis negar-lhe o pedido.
- 27Então o rei enviou logo um soldado da sua guarda com ordens de trazer a cabeça de João. O soldado foi, decapitou-o no cárcere
- 28"e trouxe a cabeça num prato; então, dando-a à jovem, esta a entregou à sua mãe."
- 29Quando os discípulos de João ouviram isso, vieram, levaram o corpo e o puseram numa sepultura.
A primeira multiplicação dos pães e peixes
"Mt 14.13-21; Lc 9.10-17; Jo 6.1-15"
- 30Os apóstolos reuniram-se com Jesus e contaram-lhe tudo o que haviam feito e ensinado.
- 31E ele lhes disse: Acompanhai-me a um lugar deserto e descansai um pouco. Porque os que iam e vinham eram muitos, e eles não tinham tempo nem para comer.
- 32Assim, eles se retiraram de barco para um lugar afastado e deserto.
- 33"Todavia, muitos os viram partir e os reconheceram; e, vindo de todas as cidades, correram a pé para lá e chegaram antes deles."
- 34"Ao desembarcar, Jesus viu uma grande multidão e teve compaixão dela, pois eram como ovelhas que não têm pastor; e começou a ensinar-lhes muitas coisas."
- 35Como já era tarde, seus discípulos aproximaram-se dele e disseram: O lugar é deserto, e já é muito tarde.
- 36Manda-os embora, para que possam ir aos campos e povoados em redor e comprem algo para comer.
- 37Ele, porém, lhes respondeu: Dai-lhes de comer vós mesmos. Então eles lhe perguntaram: Compraremos duzentos denários* de pão para dar-lhes de comer?
- 38Ao que ele lhes disse: Quantos pães tendes? Ide ver. Tendo-se informado, eles responderam: Cinco pães e dois peixes.
- 39Então lhes ordenou que fizessem todos se assentar* em grupos sobre a grama verde.
- 40E eles se sentaram em grupos de cem e de cinquenta.
- 41"E, tomando os cinco pães e os dois peixes, Jesus ergueu os olhos ao céu, abençoou os pães e os partiu. Em seguida, entregou-os aos discípulos para que os servissem; e também repartiu os dois peixes para todos."
- 42E todos comeram e ficaram satisfeitos.
- 43Em seguida, recolheram doze cestos cheios de pedaços de pão e de peixe.
- 44O número dos que comeram os pães foi de cinco mil homens.
Jesus anda sobre o mar
"Mt 14.22-36; Jo 6.16-21"
- 45Logo em seguida, Jesus fez com que os discípulos entrassem no barco e passassem para Betsaida, no outro lado, enquanto ele mandava a multidão para casa.
- 46E, depois de mandá-la para casa, foi ao monte orar.
- 47Quando anoiteceu, o barco estava no meio do mar, e ele, sozinho em terra.
- 48"E, vendo-os cansados de remar, porque o vento lhes era contrário, foi ao encontro deles andando sobre o mar, pela quarta vigília da noite;* e queria passar adiante deles."
- 49Mas, ao vê-lo andando sobre o mar, eles pensaram que fosse um fantasma e gritaram,
- 50pois todos o viram e se assustaram. Mas Jesus imediatamente lhes disse: Tende coragem! Sou eu! Não temais!
- 51Então subiu para junto deles no barco, e o vento cessou. E os discípulos ficaram extremamente impressionados entre si,
- 52"pois não haviam compreendido o milagre dos pães; o coração deles estava endurecido."
- 53Terminada a travessia, chegaram à terra em Genesaré e ali atracaram.
- 54Logo que desembarcaram, o povo reconheceu Jesus.
- 55E, correndo por toda a região, começaram a levar os doentes nos leitos, para onde ouviam dizer que ele estava.
- 56"Onde quer que Jesus entrasse, nos povoados, nas cidades ou nos campos, levavam os doentes para as praças. E rogavam-lhe que ao menos lhes permitisse tocar a borda do seu manto; e todos os que a tocavam eram curados."
A tradição dos anciãos
Mt 15.1-20
- 1Os fariseus e alguns escribas, vindos de Jerusalém, foram encontrar-se com Jesus.
- 2E repararam que alguns dos discípulos de Jesus comiam pão com as mãos impuras, isto é, sem lavá-las.
- 3Pois os fariseus e todos os judeus, guardando a tradição dos anciãos, não comem sem lavar as mãos cuidadosamente.
- 4Quando voltam do mercado, não comem sem antes se purificar. E receberam muitas outras coisas para observar, como a lavagem de copos, de jarros e de vasos de bronze.
- 5Então os fariseus e os escribas lhe perguntaram: Por que os teus discípulos não vivem segundo a tradição dos anciãos, mas comem pão sem lavar as mãos?
- 6"Jesus lhes respondeu: Hipócritas, bem profetizou Isaías acerca de vós, como está escrito: Este povo honra-me com os lábios; seu coração, porém, está longe de mim; "
- 7em vão me adoram, ensinando doutrinas que são preceitos de homens.
- 8Abandonais o mandamento de Deus, e vos apegais à tradição dos homens.
- 9Disse-lhes ainda: Sabeis muito bem rejeitar o mandamento de Deus para guardar a vossa tradição.
- 10"Pois Moisés disse: Honra teu pai e tua mãe; e: Quem amaldiçoar seu pai ou sua mãe certamente morrerá."
- 11Mas dizeis: Se alguém disser a seu pai ou sua mãe: O que de mim poderias receber como benefício é corbã,* isto é, oferta dedicada ao Senhor,
- 12vós o desobrigais de fazer alguma coisa por seu pai ou por sua mãe.
- 13Dessa forma, invalidais a palavra de Deus pela vossa tradição que transmitistes, como também fazeis muitas outras coisas semelhantes.
- 14E chamando outra vez a multidão, disse-lhes: Ouvi-me, vós todos, e entendei.
- 15"Fora do homem não há nada que, entrando nele, possa torná-lo impuro; mas o que sai do homem, isso o torna impuro."
- 16[Se alguém tem ouvidos para ouvir, ouça.]*
- 17Depois, quando deixou a multidão e entrou em casa, os discípulos lhe perguntaram acerca da parábola.
- 18Jesus lhes respondeu: Então vós também não entendeis? Não compreendeis que tudo o que entra de fora no homem não pode torná-lo impuro?
- 19Porque não entra no seu coração, mas no estômago, e depois é expelido. Assim, Jesus declarou puros todos os alimentos.
- 20E prosseguiu: O que sai do homem é que o torna impuro.
- 21Pois é de dentro do coração dos homens que procedem maus pensamentos, imoralidade sexual, furtos, homicídios, adultérios,
- 22cobiça, maldade, engano, libertinagem, inveja, blasfêmia, arrogância e insensatez.
- 23Todas essas coisas más procedem de dentro do homem e o tornam impuro.
A mulher cananeia
Mt 15.21-28
- 24Jesus saiu dali e foi para as regiões de Tiro e Sidom. Entrou numa casa e não queria que ninguém soubesse disso, mas não pôde passar despercebido.
- 25"E certa mulher, cuja filha estava possessa de um espírito impuro, logo ouviu falar dele; então, foi e prostrou-se aos seus pés;"
- 26(a mulher era grega, de origem siro-fenícia) e suplicava-lhe que expulsasse de sua filha o demônio.
- 27Jesus lhe respondeu: Deixa que primeiro os filhos se fartem, pois não é justo tomar o pão dos filhos e jogá-lo para os cachorrinhos.
- 28"Ela, porém, prosseguiu, dizendo-lhe: Sim, Senhor; mas também os cachorrinhos, debaixo da mesa, comem das migalhas dos filhos."
- 29"Então ele lhe disse: Por causa dessa palavra, vai; o demônio já saiu de tua filha."
- 30"Ao voltar para casa, ela achou a menina deitada sobre a cama; o demônio já havia saído."
A cura de um surdo e gago de Decápolis
- 31Depois de partir da região de Tiro, Jesus foi através de Sidom até o mar da Galileia, passando pela região de Decápolis.
- 32E trouxeram-lhe um surdo, que também falava com dificuldade, rogando-lhe que lhe impusesse a mão.
- 33Jesus tirou-o do meio da multidão e, em particular, colocou-lhe os dedos nos ouvidos e, cuspindo, tocou-lhe a língua.
- 34Então, levantando os olhos ao céu, suspirou e disse-lhe: Efatá (que quer dizer: Abre-te!).
- 35E seus ouvidos se abriram, a língua se soltou, e ele começou a falar perfeitamente.
- 36"Então Jesus lhes ordenou que a ninguém contassem aquilo; mas, quanto mais ele proibia, mais eles o divulgavam."
- 37"E maravilhavam-se grandemente, dizendo: Ele faz bem todas as coisas; faz até mesmo os surdos ouvirem e os mudos falarem."
A segunda multiplicação dos pães e peixes
Mt 15.29-39
- 1Naqueles dias, aglomerando-se de novo uma grande multidão e não tendo eles o que comer, Jesus chamou os discípulos e disse-lhes:
- 2Tenho compaixão desta multidão, porque já faz três dias que estão comigo, e não têm o que comer.
- 3Se eu mandá-los para casa sem comer, desfalecerão pelo caminho, e alguns vieram de longe.
- 4Então os discípulos lhe perguntaram: Onde alguém poderia arranjar pão para satisfazê-los aqui neste lugar deserto?
- 5Jesus lhes perguntou: Quantos pães tendes? Responderam: Sete.
- 6"Então mandou ao povo que se sentasse no chão; e tomando os sete pães, havendo dado graças, partiu-os e os entregou a seus discípulos para que os distribuíssem; e eles os distribuíram entre a multidão."
- 7Tinham também alguns peixinhos, pelos quais deu graças,* ordenando que fossem distribuídos.
- 8"Todos comeram e ficaram satisfeitos; e encheram sete cestos com os pedaços que sobraram."
- 9Cerca de quatro mil homens estavam ali. E Jesus mandou-os para casa.
- 10E, entrando logo no barco com seus discípulos, foi para as regiões de Dalmanuta.
Um sinal do céu
Mt 16.1-4
- 11Então vieram os fariseus e começaram a discutir com Jesus, pedindo-lhe um sinal* do céu, para o colocar à prova.
- 12Depois de suspirar profundamente no íntimo, disse: Por que esta geração pede um sinal? Em verdade vos digo que não será dado sinal algum a esta geração.
- 13E, deixando-os, tornou a entrar no barco e foi para o outro lado.
O fermento dos fariseus
Mt 16.5-12
- 14Os discípulos esqueceram-se de levar pão e tinham apenas um pão no barco.
- 15E Jesus advertiu-os: Atenção, guardai-vos do fermento dos fariseus e do fermento de Herodes.
- 16E eles discutiam entre si, dizendo: É porque não temos pão.
- 17Ao perceber isso, Jesus lhes disse: Por que discutis por não terdes pão? Ainda não compreendeis? Não entendeis? O vosso coração está endurecido?
- 18Tendes olhos e não vedes? Tendes ouvidos e não ouvis? Não vos lembrais?
- 19Quando parti os cinco pães para os cinco mil, quantos cestos cheios de pedaços recolhestes? Eles responderam: Doze.
- 20E quando parti os sete pães para os quatro mil, quantos cestos cheios de pedaços recolhestes? Eles responderam: Sete.
- 21E ele lhes disse: Não entendeis ainda?
A cura de um cego de Betsaida
- 22"Então chegaram a Betsaida; e trouxeram-lhe um cego, rogando-lhe que o tocasse."
- 23Jesus tomou o cego pela mão, levou-o para fora do povoado e cuspiu-lhe nos olhos. Depois, impondo-lhe as mãos, perguntou: Vês alguma coisa?
- 24E, levantando os olhos, ele disse: Vejo os homens andando, como se fossem árvores.
- 25Então Jesus voltou a colocar as mãos sobre os olhos dele, e ele começou a ver claramente e ficou restabelecido, pois enxergava todas as coisas com nitidez.
- 26Em seguida, Jesus mandou-o para casa, dizendo: Não entres no povoado.
A confissão de Pedro
Jesus prevê sua Paixão
"Mt 16.13-23; Lc 9.18-22; Jo 6.66-71"
- 27E Jesus foi com seus discípulos para os povoados próximos a Cesareia de Filipe. No caminho, perguntou aos discípulos: Quem os homens dizem que eu sou?
- 28"Eles lhe responderam: Alguns dizem que és João Batista; outros, Elias; e ainda outros, algum dos profetas. "
- 29Então ele lhes perguntou: Mas vós, quem dizeis que eu sou? E Pedro respondeu-lhe: Tu és o Cristo.*
- 30E Jesus ordenou que a ninguém falassem a respeito dele.
- 31E começou a ensinar-lhes que era necessário que o Filho do homem sofresse muitas coisas, fosse rejeitado pelos líderes religiosos, principais sacerdotes e escribas, fosse morto e depois de três dias ressuscitasse.
- 32E ele dizia isso abertamente. Mas Pedro, chamando-o em particular, começou a repreendê-lo.
- 33"Ele, porém, virando-se e olhando para seus discípulos, repreendeu Pedro, dizendo: Para trás de mim, Satanás; porque não pensas nas coisas de Deus, mas sim nas que são dos homens."
A lei da cruz
"Mt 16.24-28; Lc 9.23-27"
- 34E, chamando a multidão com os discípulos, disse-lhes: Se alguém quiser vir após mim, negue a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me.
- 35"Pois quem quiser preservar sua vida, irá perdê-la; mas quem perder a vida por causa de mim e do evangelho, irá preservá-la."
- 36Pois que adianta ao homem ganhar o mundo inteiro e perder a sua vida?*
- 37Ou, que daria o homem em troca da sua vida?
- 38Quando o Filho do homem vier na glória de seu Pai com os santos anjos, ele também se envergonhará de quem se envergonhar de mim e das minhas palavras nesta geração adúltera e pecadora.
- 1Disse-lhes mais: Em verdade vos digo que, dentre os que estão aqui, há alguns que de modo algum provarão a morte até que vejam o reino de Deus chegando com poder.
A transfiguração
"Mt 17.1-13; Lc 9.28-36"
- 2"Seis dias depois, Jesus tomou Pedro, Tiago e João e levou-os em particular a um alto monte; e foi transfigurado diante deles."
- 3As roupas dele resplandeceram e ficaram extremamente brancas, como nenhum lavandeiro na terra poderia branqueá-las.
- 4"Então Elias e Moisés apareceram diante deles; e falavam com Jesus."
- 5"Tomando a palavra, Pedro disse a Jesus: Mestre, é bom estarmos aqui; façamos três tendas: uma para ti, outra para Moisés e outra para Elias."
- 6Pois não sabia o que dizer, porque ficaram com muito medo.
- 7"Nisso veio uma nuvem que os cobriu, e dela saiu uma voz que dizia: Este é o meu Filho amado; a ele ouvi. "
- 8De repente, olhando em redor, não viram mais ninguém, a não ser Jesus.
- 9Enquanto desciam do monte, Jesus ordenou-lhes que a ninguém contassem o que tinham visto, até que o Filho do homem ressuscitasse dentre os mortos.
- 10E eles guardaram o caso em segredo, conversando sobre o que seria o ressuscitar dentre os mortos.
- 11Então perguntaram-lhe: Por que os escribas dizem ser necessário que Elias venha primeiro?
- 12"Jesus lhes respondeu: Na verdade, Elias vem primeiro e restaura todas as coisas; mas, então, como está escrito que o Filho do homem deve sofrer muito e ser desprezado?"
- 13Digo-vos, porém, que Elias já veio, e fizeram-lhe tudo quanto quiseram, segundo está escrito a seu respeito.
A cura de um menino que tinha convulsões
"Mt 17.14-21; Lc 9.37-45"
- 14Quando chegaram onde estavam os outros discípulos, viram ao redor deles uma grande multidão, e alguns escribas discutindo com eles.
- 15"E logo toda a multidão, vendo Jesus, ficou muito surpresa; e todos correram na direção dele e o cumprimentaram. "
- 16E Jesus lhes perguntou: O que estais discutindo?
- 17E alguém dentre a multidão lhe respondeu: Mestre, eu te trouxe meu filho, que tem um espírito mudo.
- 18Onde quer que o apanhe, provoca-lhe convulsões, de modo que ele espuma pela boca, range os dentes e começa a se enrijecer. Pedi aos teus discípulos que o expulsassem, mas eles não conseguiram.
- 19E Jesus lhes respondeu: Ó geração incrédula! Até quando estarei convosco? Até quando terei de suportá-los? Tragam-me o menino.
- 20Então eles o trouxeram. Ao ver Jesus, o espírito imediatamente provocou-lhe uma convulsão, e o endemoninhado, caindo ao chão, rolava, espumando pela boca.
- 21Jesus perguntou ao pai dele: Há quanto tempo isso lhe acontece? Ele respondeu: Desde a infância.
- 22E muitas vezes o tem lançado no fogo e na água, para destruí-lo. Mas se podes fazer alguma coisa, tem compaixão de nós e ajuda-nos.
- 23Ao que lhe disse Jesus: Se podes? Tudo é possível ao que crê.
- 24Imediatamente o pai do menino clamou:* Eu creio! Ajuda-me na minha incredulidade.
- 25Vendo que a multidão, correndo, aglomerava-se, Jesus repreendeu o espírito impuro, dizendo: Espírito mudo e surdo, eu te ordeno: Sai dele e nunca mais entres nele.
- 26Então o espírito saiu, gritando e agitando-o muito. O menino ficou como se estivesse morto, de modo que muitos diziam: Ele morreu.
- 27Mas Jesus, tomando-o pela mão, levantou-o, e ele ficou em pé.
- 28Quando entrou em casa, seus discípulos lhe perguntaram em particular: Por que não conseguimos expulsá-lo?
- 29Ele lhes respondeu: Essa espécie* não sai a não ser pela oração [e jejum*].
O maior no reino do céu
"Mt 18.1-6; Lc 9.46-48"
- 30Eles partiram dali e passaram pela Galileia. Mas Jesus não queria que ninguém soubesse disso,
- 31"pois ensinava a seus discípulos, dizendo-lhes: O Filho do homem será entregue nas mãos dos homens, que o matarão; e depois de três dias ressuscitará."
- 32Mas eles não entenderam essa palavra e temiam interrogá-lo.
- 33E chegaram a Cafarnaum. Em casa, perguntou-lhes: O que discutíeis no caminho?
- 34Mas eles se calaram, pois haviam discutido pelo caminho qual deles era o maior.
- 35Então, sentando-se, chamou os Doze e lhes disse: Se alguém quiser ser o primeiro, será o último e o servo de todos.
- 36Então Jesus tomou uma criança, colocou-a no meio deles e, pegando-a nos braços, disse-lhes:
- 37"Qualquer pessoa que receber uma destas crianças em meu nome, a mim me recebe; e quem me recebe, não recebe a mim, mas aquele que me enviou."
Quem não é contra nós é por nós
Lc 9.49, 50
- 38Disse-lhe João: Mestre, vimos um homem que expulsava demônios em teu nome e nós o proibimos, pois ele não nos seguia.
- 39Jesus, porém, respondeu: Não o proibais. Ninguém há que realize um milagre em meu nome e possa logo depois falar mal de mim,
- 40pois quem não é contra nós é por nós.
- 41Assim, qualquer pessoa que vos der de beber um copo de água em meu nome, porque sois de Cristo, em verdade vos digo que de modo nenhum perderá a sua recompensa.
Os tropeços
Mt 18.7-11
- 42Quem, porém, fizer tropeçar um destes pequeninos que creem em mim, melhor lhe seria pendurar no pescoço uma pedra de moinho e ser jogado no mar.
- 43"E se a tua mão te fizer tropeçar, corta-a; pois é melhor entrares na vida defeituoso do que, tendo duas mãos, ir para o inferno, para o fogo que nunca se apaga"
- 44[onde o verme não morre e o fogo não se apaga].*
- 45"Se o teu pé te fizer tropeçar, corta-o; pois é melhor entrares na vida aleijado, do que, tendo dois pés, ser jogado no inferno"
- 46[onde o seu o verme não morre e o fogo não se apaga].*
- 47"Se o teu olho te fizer tropeçar, joga-o fora; pois é melhor entrares no reino de Deus com um olho só do que, tendo dois olhos, ser lançado no inferno,"
- 48onde o verme não morre e o fogo não se apaga.
- 49Porque cada um será salgado com fogo.
- 50"O sal é bom; mas se ele se tornar insípido, como recuperar-lhe o sabor? Tende sal em vós mesmos e preservai a paz uns com os outros."
Sobre o divórcio
Mt 19.1-12
- 1"Jesus saiu dali e partiu para a região da Judeia, do outro lado do Jordão. E de novo as multidões aglomeraram-se em torno dele; e ele as ensinava, como de costume."
- 2Então alguns fariseus se aproximaram dele e, para colocá-lo à prova, perguntaram-lhe: É permitido ao homem divorciar-se de sua mulher?
- 3Ele, porém, lhes perguntou: Que vos ordenou Moisés?
- 4Eles responderam: Moisés permitiu redigir um documento de divórcio e mandar a mulher embora.
- 5Jesus prosseguiu: Foi por causa da dureza do vosso coração que ele vos deu esse mandamento.
- 6Mas desde o princípio da criação, Deus os fez homem e mulher.
- 7"Por isso o homem deixará seu pai e sua mãe [e se unirá à sua mulher];*"
- 8e os dois serão uma só carne. Assim, já não são mais dois, porém uma só carne.
- 9Portanto, o homem não separe o que Deus juntou.
- 10Em casa, os discípulos perguntaram a Jesus de novo sobre isso.
- 11E ele lhes respondeu: Aquele que se divorcia de sua mulher e casa com outra comete adultério contra ela.
- 12E, se ela se divorciar do marido e casar com outro, comete adultério.
Jesus abençoa as crianças
"Mt 19.13-15; Lc 18.15-17"
- 13Alguns lhe traziam crianças para que as tocasse, mas os discípulos os repreendiam.
- 14Jesus, porém, vendo isso, indignou-se e disse-lhes: Deixai as crianças virem a mim e não as impeçais, porque o reino de Deus é dos que são como elas.
- 15Em verdade vos digo que qualquer pessoa que não receber o reino de Deus como uma criança, jamais entrará nele.
- 16E, pegando-as nos braços, abençoou-as, impondo-lhes as mãos.
O jovem rico
"Mt 19.16-30; Lc 18.18-30"
- 17Quando Jesus saiu, correu para ele um homem, que se ajoelhou diante dele e lhe perguntou: Bom Mestre, que farei para herdar a vida eterna?
- 18Jesus lhe perguntou: Por que me chamas bom? Ninguém é bom, senão um, que é Deus.
- 19Conheces os mandamentos: não matarás, não adulterarás, não furtarás, não dirás falso testemunho, a ninguém enganarás, honra teu pai e tua mãe.
- 20Ele, porém, lhe respondeu: Mestre, tudo isso tenho guardado desde a minha juventude.
- 21"Olhando para ele, Jesus o amou e disse-lhe: Uma coisa te falta; vai, vende tudo o que tens e dá-o aos pobres; e terás um tesouro no céu; depois vem e segue-me."
- 22Mas ele, abatido por essas palavras, retirou-se triste, porque possuía muitos bens.
- 23Então, olhando em redor, Jesus disse aos discípulos: Como é difícil para quem tem riquezas entrar no reino de Deus!
- 24Os discípulos admiraram-se com suas palavras. Mas Jesus voltou a lhes falar: Filhos, como é difícil* entrar no reino de Deus!
- 25É mais fácil um camelo passar pelo fundo de uma agulha do que um rico entrar no reino de Deus.
- 26Com isso eles ficaram extremamente admirados, perguntando: Quem, então, pode ser salvo?
- 27"Fixando neles o olhar, Jesus respondeu: Isso é impossível para os homens, mas não para Deus; pois para Deus tudo é possível."
- 28Então Pedro começou a dizer-lhe: Nós deixamos tudo e te seguimos.
- 29Jesus respondeu: Em verdade vos digo que ninguém há que tenha deixado casa, ou irmãos, ou irmãs, ou mãe, ou pai, ou filhos, ou campos, por causa de mim e do evangelho,
- 30que não receba cem vezes mais, agora no presente, em casas, irmãos, irmãs, mães, filhos e campos, com perseguições, e no mundo vindouro, a vida eterna.
- 31Mas muitos dos primeiros serão últimos, e os últimos serão primeiros.
Jesus prevê novamente sua morte e ressurreição
"Mt 20.17-19; Lc 18.31-34"
- 32Eles estavam a caminho, subindo para Jerusalém, e Jesus ia adiante deles. E, espantados, seguiam-no com medo. De novo, Jesus tomou consigo os Doze e começou a falar-lhes das coisas que deveriam lhe acontecer.
- 33"Estamos subindo para Jerusalém, e o Filho do homem será entregue aos principais sacerdotes e aos escribas. Eles o condenarão à morte e o entregarão aos gentios;"
- 34irão zombar dele e cuspir nele, açoitá-lo e matá-lo. Depois de três dias, ele ressuscitará.
O pedido dos filhos de Zebedeu
Mt 20.20-28
- 35Nisso aproximaram-se dele Tiago e João, filhos de Zebedeu, dizendo-lhe: Mestre, queremos que nos faças o que te pedirmos.
- 36E ele lhes perguntou: Que quereis que eu vos faça?
- 37Eles lhe responderam: Concede-nos que na tua glória nos sentemos, um à tua direita e outro à tua esquerda.
- 38Mas Jesus lhes disse: Não sabeis o que pedis. Podeis beber o cálice que eu bebo, ou ser batizados com o batismo com que sou batizado?
- 39"Eles responderam: Podemos. Mas Jesus lhes disse: Bebereis o cálice que eu bebo e sereis batizados com o batismo com que sou batizado;"
- 40"mas o sentar-se à minha direita, ou à minha esquerda, não cabe a mim concedê-lo; isso é para aqueles a quem está reservado."
- 41Ouvindo isso, os dez começaram a indignar-se contra Tiago e João.
- 42Então Jesus chamou-os para junto de si e lhes disse: Sabeis que os que são reconhecidos como governantes dos gentios têm domínio sobre eles, e os seus poderosos exercem autoridade sobre eles.
- 43"Mas entre vós não será assim. Antes, quem entre vós quiser tornar-se grande, será esse o que vos servirá;"
- 44e quem entre vós quiser ser o primeiro, será servo de todos.
- 45Pois o próprio Filho do homem não veio para ser servido, mas para servir e para dar a vida em resgate de muitos.
O cego de Jericó
"Mt 20.29-34; Lc 18.35-43"
- 46E foram para Jericó. Quando ele, seus discípulos e uma grande multidão saíam de Jericó, junto do caminho estava sentado um mendigo cego chamado Bartimeu, filho de Timeu.
- 47Quando ouviu que era Jesus Nazareno, ele começou a gritar: Jesus, Filho de Davi, tem compaixão de mim!
- 48Muitos o repreendiam para que se calasse, mas ele gritava ainda mais: Filho de Davi, tem compaixão de mim!
- 49Jesus parou e disse: Chamai-o. Chamaram o cego, dizendo-lhe: Coragem! Levanta-te, ele está te chamando!
- 50Lançando de si a sua capa, levantou-se de um salto e dirigiu-se a Jesus.
- 51E Jesus lhe perguntou: Que queres que te faça? O cego respondeu: Mestre, que eu volte a ver.
- 52Jesus lhe disse: Vai, a tua fé te salvou. Imediatamente ele recuperou a visão e foi seguindo Jesus pelo caminho.
A entrada triunfal de Jesus em Jerusalém
"Mt 21.1-11; Lc 19.28-40; Jo 12.12-19"
- 1Quando se aproximavam de Jerusalém, Betfagé e Betânia, junto ao monte das Oliveiras, Jesus enviou dois de seus discípulos
- 2e disse-lhes: Ide ao povoado que está adiante de vós, e logo que ali entrardes encontrareis um jumentinho amarrado, em que ninguém ainda montou. Soltai-o e trazei-o.
- 3E, se alguém vos perguntar: Por que fazeis isso? Respondei: O Senhor precisa dele, e logo o mandará de volta para cá.
- 4Eles foram e acharam o jumentinho amarrado a um portão, do lado de fora na rua, e o desamarraram.
- 5E alguns dos que ali estavam lhes perguntaram: Que fazeis, soltando o jumentinho?
- 6"Eles responderam como Jesus lhes havia mandado; e deixaram que o levassem."
- 7Então levaram o jumentinho a Jesus, lançaram sobre ele seus mantos, e Jesus o montou.
- 8Muitos também estenderam seus mantos pelo caminho, e outros, ramos que haviam cortado nos campos.
- 9E tanto os que iam à frente dele como os que o seguiam, exclamavam: Hosana! Bendito o que vem em nome do Senhor!
- 10Bendito o reino que vem, o reino de nosso pai Davi! Hosana nas alturas!
- 11Jesus entrou em Jerusalém e foi ao templo. Tendo observado tudo em redor, como já era tarde, foi para Betânia com os Doze.
A figueira seca
A purificação do templo
"Mt 21.12-22; Lc 19.45-48; Jo 2.13-25"
- 12No dia seguinte, depois de saírem de Betânia, Jesus sentiu fome.
- 13Avistando de longe uma figueira com folhas, foi verificar se acharia nela alguma coisa. Aproximando-se, nada achou, senão folhas, pois não era época de figos.
- 14Então Jesus disse à figueira: Ninguém jamais coma do teu fruto. E seus discípulos ouviram isso.
- 15Quando chegaram a Jerusalém, Jesus entrou no templo e começou a expulsar os que ali vendiam e compravam. Ele revirou as mesas dos cambistas e as cadeiras dos que vendiam pombas,
- 16e não consentia que atravessassem o templo carregando algum utensílio.
- 17Ele os ensinava, dizendo: Não está escrito: A minha casa será chamada casa de oração para todas as nações? Mas vós a transformastes num antro de assaltantes.
- 18Quando os principais sacerdotes e os escribas ouviram isso, começaram a procurar um modo de matá-lo, pois o temiam, porque toda a multidão se maravilhava com o seu ensino.
- 19Ao cair da tarde, eles saíram da cidade.
- 20Quando passavam na manhã seguinte, viram que a figueira havia secado desde as raízes.
- 21"Então Pedro, lembrando-se, disse-lhe: Mestre, olha; a figueira que amaldiçoaste secou."
- 22Jesus lhes respondeu: Tende fé em Deus.*
- 23Em verdade vos digo que se alguém disser a este monte: Ergue-te e lança-te no mar, e não duvidar no coração, mas crer que se fará o que diz, assim lhe será feito.
- 24Por isso vos digo que tudo o que pedirdes em oração, crede que já o recebestes, e o tereis.
- 25Quando estiverdes orando, se tendes alguma coisa contra alguém, perdoai, para que também o vosso Pai que está no céu vos perdoe as vossas ofensas.
- 26[Mas, se não perdoardes, também vosso Pai, que está no céu, não vos perdoará as vossas ofensas.]*
A autoridade de Jesus e o batismo de João
"Mt 21.23-27; Lc 20.1-8"
- 27Então regressaram a Jerusalém. E andando Jesus pelo templo, os principais sacerdotes, escribas e líderes religiosos aproximaram-se dele
- 28e perguntaram-lhe: Com que autoridade fazes essas coisas? Quem te deu autoridade para fazê-las?
- 29"Jesus lhes respondeu: Eu vos perguntarei uma coisa; respondei-me, e eu vos direi com que autoridade faço essas coisas. "
- 30O batismo de João era do céu ou dos homens? Respondei-me.
- 31Eles, então, puseram-se a discutir entre si: Se dissermos: É do céu, ele dirá: Por que não crestes nele?
- 32Mas, se dissermos: É dos homens, temiam o povo, pois de fato todos consideravam João um profeta.
- 33Então responderam a Jesus: Não sabemos. E ele lhes disse: Nem eu vos digo com que autoridade faço essas coisas.
A parábola dos agricultores maus
"Mt 21.33-46; Lc 20.9-18"
- 1Então Jesus começou a falar-lhes por parábolas: Um homem plantou uma vinha, fez uma cerca ao redor dela, cavou um tanque de espremer uvas e edificou uma torre. Depois arrendou-a a alguns agricultores e saiu de viagem.
- 2No devido tempo, enviou um servo aos agricultores para que recebesse deles do fruto da vinha.
- 3Mas, dominando-o, eles o espancaram e o mandaram embora de mãos vazias.
- 4De novo enviou-lhes outro servo, mas o feriram na cabeça e o insultaram.
- 5Então enviou ainda outro, mas eles o mataram. Também enviou muitos outros, dos quais a uns espancaram e a outros mataram.
- 6E restava-lhe ainda um, o seu filho amado. Então, por último o enviou a eles, dizendo: A meu filho respeitarão.
- 7Mas aqueles agricultores disseram entre si: Este é o herdeiro. Vamos matá-lo, e a herança será nossa.
- 8E, agarrando-o, mataram-no e lançaram-no fora da vinha.
- 9"Portanto, o que o senhor da vinha fará? Irá e matará os agricultores; e dará a vinha a outros."
- 10"Nunca lestes esta Escritura: A pedra que os construtores rejeitaram, tornou-se a pedra angular; "
- 11isso foi feito pelo Senhor e é maravilhoso aos nossos olhos?
- 12"Procuraram então prendê-lo, mas temeram a multidão, pois perceberam que havia proferido essa parábola contra eles; e, deixando-o, retiraram-se."
A questão do tributo
"Mt 22.15-22; Lc 20.19-26"
- 13Enviaram-lhe alguns fariseus e herodianos, para que o apanhassem em alguma palavra.
- 14Aproximando-se, disseram-lhe: Mestre, sabemos que és verdadeiro e não deixas que ninguém te influencie, porque não julgas* pela aparência dos homens, mas ensinas o caminho de Deus segundo a verdade. É correto pagar tributo a César, ou não? Devemos ou não devemos pagar?
- 15Mas, percebendo a hipocrisia deles, Jesus lhes respondeu: Por que me colocais à prova? Trazei-me um denário* para que eu o veja.
- 16E eles trouxeram. Jesus lhes perguntou: De quem é esta imagem e inscrição? Eles responderam: De César.
- 17Então Jesus lhes disse: Dai a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus. E admiravam-se dele.
Os saduceus e a ressurreição
"Mt 22.23-33; Lc 20.27-40"
- 18Então se aproximaram dele alguns saduceus, que dizem não haver ressurreição, e perguntaram-lhe:
- 19Mestre, Moisés nos deixou escrito que, se um homem morrer, deixando mulher sem filhos, seu irmão deverá casar com a viúva e suscitar descendência ao irmão.
- 20Havia sete irmãos. O primeiro casou-se e morreu sem deixar descendência.
- 21O segundo casou-se com a viúva, e morreu, não deixando descendência. Da mesma forma o terceiro. E assim os sete, e não deixaram descendência.
- 22Depois de todos, a mulher também morreu.
- 23Na ressurreição, de qual deles será ela esposa, pois os sete a tiveram como esposa?
- 24Jesus lhes respondeu: Acaso não errais por não conhecer as Escrituras nem o poder de Deus?
- 25"Ao ressuscitar, os mortos não se casam nem se dão em casamento; pelo contrário, são como os anjos nos céus."
- 26Quanto aos mortos ressuscitarem, não lestes no livro de Moisés, na passagem em que se fala da sarça, como Deus lhe disse: Eu sou o Deus de Abraão, o Deus de Isaque e o Deus de Jacó?
- 27Ele não é Deus de mortos, mas de vivos. Grande é o vosso erro.
O primeiro de todos os mandamentos
"Mt 22.34-40; Lc 10.25-28"
- 28Aproximou-se dele um dos escribas que os ouvira discutir e, percebendo que lhes havia respondido bem, perguntou-lhe: Qual é o principal de todos os mandamentos?
- 29Jesus respondeu: O principal é: Ouve, Israel, o Senhor nosso Deus é o único Senhor.
- 30Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o coração, de toda a alma, de todo o entendimento e de todas as forças.
- 31E o segundo é este: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Não há outro mandamento maior do que esses.
- 32"E o escriba lhe disse: Muito bem, Mestre; é verdade que ele é o único Deus, e que além dele não há outro, "
- 33e que amá-lo de todo o coração, de todo o entendimento e de todas as forças, e amar o próximo como a si mesmo, vale mais do que todos os holocaustos e sacrifícios.
- 34Vendo que ele havia respondido com sabedoria, Jesus lhe disse: Não estás longe do reino de Deus. E ninguém mais ousava interrogá-lo.
O Cristo, filho de Davi
"Mt 22.41-46; Lc 20.41-44"
- 35Enquanto ensinava no templo, Jesus perguntou: Como os escribas podem dizer que o Cristo* é filho de Davi?
- 36O próprio Davi falou pelo Espírito Santo: o Senhor disse ao meu Senhor: Assenta-te à minha direita, até que eu ponha teus inimigos debaixo dos teus pés.
- 37Se o próprio Davi o chama Senhor, como ele pode ser seu filho? E a grande multidão o ouvia com prazer.
Jesus critica os escribas
"Mt 23.1; Lc 11.37-54 e 20.45-47"
- 38E Jesus continuava a ensinar, dizendo: Cuidado com os escribas, que gostam de andar com roupas compridas, de ser cumprimentados em público,*
- 39gostam dos primeiros assentos nas sinagogas e dos primeiros lugares nos banquetes.
- 40Eles devoram as casas das viúvas e, para disfarçar, fazem longas orações. Eles receberão condenação muito maior.
A oferta da viúva pobre
Lc 21.1-4
- 41Jesus sentou-se em frente ao cofre das ofertas e observava como a multidão colocava dinheiro no cofre. Muitos ricos depositavam ali muito dinheiro.
- 42Veio, porém, uma viúva pobre e colocou no cofre duas moedinhas,* que valiam um quadrante.*
- 43Chamando ele os discípulos, disse-lhes: Em verdade vos digo que esta viúva pobre deu mais do que todos os que colocaram ofertas no cofre,
- 44"porque todos deram do que lhes sobrava; mas ela, da sua pobreza, deu tudo o que possuía, todo o seu sustento."
O sermão profético
O princípio das dores
"Mt 24.1-14; Lc 21.5-19"
- 1Quando saía do templo, um dos seus discípulos lhe disse: Mestre, olha que pedras! Que edifícios!
- 2Então Jesus lhe disse: Vês estes grandes edifícios? Aqui não se deixará pedra sobre pedra que não seja derrubada.
- 3Quando Jesus estava sentado no monte das Oliveiras, em frente ao templo, Pedro, Tiago, João e André perguntaram-lhe em particular:
- 4Dize-nos quando acontecerão essas coisas e que sinal haverá quando todas elas estiverem para se cumprir.
- 5Então Jesus começou a dizer-lhes: Cuidado! Ninguém vos engane.
- 6"Muitos virão em meu nome, dizendo: Sou eu; e enganarão muitos."
- 7Quando, porém, ouvirdes falar em guerras e rumores de guerras, não vos perturbeis. É necessário que assim aconteça, mas ainda não é o fim.
- 8Pois nação se levantará contra nação e reino contra reino. Em vários lugares, haverá terremotos e fome. Isso será o princípio das dores.
- 9Mas tende cuidado! Pois por minha causa vos entregarão aos tribunais* e às sinagogas, e sereis espancados. Também sereis levados perante governadores e reis, para lhes servir de testemunho.
- 10Mas é necessário que primeiro o evangelho seja pregado a todas as nações.
- 11Quando vos levarem para vos entregar ao tribunal, não vos preocupeis com o que haveis de dizer. Falai o que vos for dado falar naquela hora, porque não sois vós que falais, mas o Espírito Santo.
- 12"Um irmão entregará à morte seu irmão; e um pai, seu filho. Filhos se levantarão contra os pais e os matarão. "
- 13Sereis odiados por todos por causa do meu nome, mas quem perseverar até o fim, esse será salvo.
A grande tribulação
"Mt 24.15-28; Lc 21.20-24"
- 14Quando virdes a abominação assoladora no lugar em que não deve estar (quem lê, entenda), então os que estiverem na Judeia fujam para os montes.
- 15Quem estiver no telhado não desça, nem entre para tirar alguma coisa da sua casa,
- 16e quem estiver no campo não volte para buscar sua roupa*.
- 17Ai das que estiverem grávidas e das que amamentarem naqueles dias!
- 18Orai para que isso não aconteça no inverno,
- 19porque naqueles dias haverá tribulação como nunca houve desde que Deus criou o mundo até agora, nem jamais haverá.
- 20Se o Senhor não abreviasse aqueles dias, ninguém seria salvo. Mas, por causa dos eleitos que escolheu, ele abreviou aqueles dias.
- 21Então, se alguém vos disser: Aqui está o Cristo! ou: Ali está ele! não acrediteis.
- 22Porque surgirão falsos cristos e falsos profetas, que farão sinais e milagres para, se possível, enganar até os escolhidos.
- 23Tende cuidado, pois vos tenho dito tudo com antecedência.
A vinda do Filho do homem
"Mt 24.29-41; Lc 21.25-33"
- 24Mas naqueles dias, depois daquela tribulação, o sol escurecerá, a lua não dará a sua luz,
- 25as estrelas cairão do céu, e os poderes que estão no céu serão abalados.
- 26Então o Filho do homem será visto vindo nas nuvens, com grande poder e glória.
- 27E logo enviará seus anjos e reunirá seus eleitos, desde os quatro ventos, da extremidade da terra até a extremidade do céu.
- 28Aprendei, pois, a parábola da figueira: Quando os ramos se renovam e as folhas brotam, sabeis que o verão está próximo.
- 29Assim também vós, quando virdes acontecerem essas coisas, sabei que ele está próximo, às portas.
- 30Em verdade vos digo que esta geração* não passará até que todas essas coisas aconteçam.
- 31Céu e terra passarão, mas nunca as minhas palavras.
- 32Contudo, quanto ao dia e à hora, ninguém sabe, nem os anjos no céu nem o Filho, mas somente o Pai.
Sobre o dever de vigiar
"Mt 24.42-44; Lc 21.34-36"
- 33Tende cuidado! Vigiai! Porque não sabeis quando chegará o tempo.
- 34"É como um homem que sai de viagem. Ao deixar sua casa, ele dá autoridade aos seus servos; a cada um, sua tarefa, e ordena também ao porteiro que vigie."
- 35"Portanto, vigiai, pois não sabeis quando o senhor da casa chegará; se à tarde, se à meia-noite, se ao cantar do galo, se pela manhã, "
- 36para que, se chegar de repente, não vos ache dormindo.
- 37O que vos digo, digo a todos: Vigiai!
A conspiração contra Jesus
"Mt 26.1-5; Lc 22.1-6"
- 1Dali a dois dias seria a Páscoa e a festa dos Pães sem Fermento. Os principais sacerdotes e os escribas procuravam um modo de prender Jesus por meio de traição,* para o matar.
- 2Pois diziam: Não durante a festa, para que não haja tumulto entre o povo.
Jesus é ungido em Betânia
"Mt 26.6-13; Jo 12.1-11"
- 3Jesus estava em Betânia, à mesa,* na casa de Simão, o leproso. E veio uma mulher trazendo um vaso de alabastro cheio de bálsamo de nardo puro, de alto preço. Então ela quebrou o vaso e derramou o bálsamo sobre a cabeça de Jesus.
- 4Mas alguns se indignaram e disseram entre si: Por que esse desperdício de bálsamo?
- 5Ele podia ser vendido por mais de trezentos denários,* e o dinheiro seria dado aos pobres. E eles a criticavam.
- 6"Jesus, porém, disse: Deixai-a; por que a incomodais? Ela praticou uma boa ação para comigo. "
- 7"Porque sempre tendes os pobres convosco e, quando quiserdes, podeis fazer-lhes o bem; mas nem sempre tendes a mim."
- 8Ela fez o que pôde. Ungiu por antecipação o meu corpo para o sepultamento.
- 9Em verdade vos digo que, em todo o mundo, onde quer que seja pregado o evangelho, também o que ela fez será contado em sua memória.
O preço da traição
"Mt 26.14-16; Lc 22.3-6"
- 10Então Judas Iscariotes, um dos Doze, dirigiu-se aos principais sacerdotes para lhes entregar Jesus.
- 11Ouvindo-o, eles se alegraram e prometeram dar-lhe dinheiro. E ele procurava uma ocasião oportuna para entregá-lo.
A última Páscoa e a ceia do Senhor
"Mt 26.17-30; Lc 22.7-23; 1Co 11.23-29"
- 12No primeiro dia da festa dos Pães sem Fermento, quando sacrificavam o cordeiro pascal, seus discípulos lhe disseram: Onde queres que façamos os preparativos para comeres a refeição da Páscoa?
- 13Então ele enviou dois dos seus discípulos e disse-lhes: Ide à cidade, e vos sairá ao encontro um homem levando um jarro de água. Segui-o.
- 14Onde ele entrar, dizei ao dono da casa: O Mestre manda perguntar: Onde está o meu aposento em que irei comer a refeição da Páscoa com os meus discípulos?
- 15"E ele vos mostrará uma grande sala mobiliada e pronta na parte de cima da casa; fazei ali os preparativos para nós."
- 16"Os discípulos partiram e foram à cidade, onde acharam tudo como ele lhes dissera; e prepararam a Páscoa. "
- 17Ao anoitecer, Jesus chegou com os Doze.
- 18E, quando estavam comendo sentados* à mesa, Jesus disse: Em verdade vos digo que um dentre vós, que come comigo, me trairá.
- 19Então eles começaram a entristecer-se e a dizer-lhe um após o outro: Sei que não* sou eu!
- 20E ele lhes respondeu: É um dos Doze, aquele que come comigo no prato.
- 21Pois o Filho do homem vai, conforme está escrito a seu respeito, mas ai daquele por quem o Filho do homem é traído! Melhor seria para esse homem se não tivesse nascido.
- 22"Enquanto comiam, Jesus tomou o pão e, abençoando-o, partiu-o e lhes deu, dizendo: Tomai; isto é o meu corpo."
- 23E tomando um cálice, deu graças e entregou-o aos discípulos, e todos beberam dele.
- 24E disse-lhes: Isto é o meu sangue, o sangue da aliança derramado em favor de muitos.
- 25Em verdade vos digo que não beberei mais do fruto da videira, até o dia em que o beber, novo, no reino de Deus.
- 26E, tendo cantado um hino, saíram para o monte das Oliveiras.
Pedro é avisado
"Mt 26.31-35; Lc 22.31-34; Jo 13.36-38"
- 27E Jesus lhes disse: Todos vós desertareis,* porque está escrito: Ferirei o pastor, e as ovelhas se dispersarão.
- 28Todavia, depois da minha ressurreição irei adiante de vós para a Galileia.
- 29Ao que Pedro lhe disse: Ainda que todos desertem,* eu nunca desertarei.
- 30Jesus lhe respondeu: Em verdade te digo que hoje, nesta noite, antes que o galo cante duas vezes,* tu me negarás três vezes.
- 31Mas ele repetia com veemência: Ainda que seja necessário morrer contigo, de modo nenhum te negarei. E todos os discípulos disseram o mesmo.
Jesus no Getsêmani
"Mt 26.36-46; Lc 22.39-46"
- 32Então foram para um lugar chamado Getsêmani, e Jesus disse a seus discípulos: Sentai-vos aqui, enquanto vou orar.
- 33"E levou consigo Pedro, Tiago e João; então começou a afligir-se e a angustiar-se. "
- 34"E disse-lhes: A minha alma está tão triste que estou a ponto de morrer; ficai aqui e vigiai. "
- 35E adiantando-se um pouco, Jesus prostrou-se em terra e começou a orar para que, se possível, ele não tivesse de passar por aquela hora.
- 36"E dizia: Aba,* Pai, tudo te é possível. Afasta de mim este cálice; todavia não seja o que eu quero, mas o que tu queres. "
- 37Voltando aos discípulos, achou-os dormindo. E disse a Pedro: Simão, estás dormindo? Não pudeste vigiar nem uma hora?
- 38Vigiai e orai, para que não entreis em tentação. O espírito está pronto, mas a carne é fraca.
- 39Então ele se retirou de novo e orou, proferindo as mesmas palavras.
- 40E voltando outra vez, achou-os dormindo, porque seus olhos estavam pesados. E não sabiam o que lhe responder.
- 41Ao voltar pela terceira vez, ele lhes disse: Ainda dormis e descansais! Basta! Chegou a hora. O Filho do homem está sendo entregue nas mãos dos pecadores.
- 42Levantai-vos, vamos embora! Aquele que me trai aproxima-se.
Jesus é traído e preso
"Mt 26.47-56; Lc 22.47-53; Jo 18.2-12"
- 43Enquanto ele ainda falava, logo chegou Judas, um dos Doze, e com ele uma multidão com espadas e pedaços de pau, vinda da parte dos principais sacerdotes, dos escribas e dos líderes religiosos.
- 44"Aquele que o traía lhes dera uma indicação, dizendo: Aquele que eu beijar, é ele; prendei-o e levai-o com segurança. "
- 45Logo que Judas chegou, aproximando-se de Jesus, disse: Rabi!* E o beijou.
- 46Eles então o agarraram e o prenderam.
- 47Mas um dos que estavam ali, puxando da espada, feriu o servo do sumo sacerdote e cortou-lhe uma orelha.
- 48E Jesus lhes disse: Saístes com espadas e pedaços de pau para me prender, como se eu fosse um bandido?
- 49Todos os dias eu estava convosco ensinando no templo, e não me prendestes. Mas isso é para que se cumpram as Escrituras.
- 50Então todos o deixaram e fugiram.
- 51"Certo jovem o seguia envolto em um lençol sobre o corpo desnudo; e o agarraram. "
- 52Mas ele, largando o lençol, fugiu despido.
Jesus perante o Sinédrio
"Mt 26.57-68; Lc 22.63-71; Jo 18.13-27"
- 53"Então levaram Jesus ao sumo sacerdote; e reuniram-se todos os principais sacerdotes, os líderes religiosos e os escribas."
- 54"E Pedro o seguiu de longe até o interior do pátio do sumo sacerdote; e ficou sentado com os guardas, aquecendo-se perto do fogo. "
- 55Os principais sacerdotes e todo o Sinédrio procuravam testemunho contra Jesus para condená-lo à morte, mas não encontravam coisa alguma.
- 56Porque muitos depunham falsamente contra ele, mas os testemunhos eram divergentes.
- 57Por fim, alguns que depunham falsamente contra ele levantaram-se e falaram:
- 58Nós o ouvimos dizer: Eu destruirei este santuário, construído por mãos humanas, e em três dias edificarei outro, não feito por mãos humanas.
- 59Nem assim o testemunho deles concordava.
- 60Então, o sumo sacerdote levantou-se no meio de todos e perguntou a Jesus: Não respondes coisa alguma ao que estes depõem contra ti?
- 61Ele, porém, permaneceu calado e nada respondeu. E o sumo sacerdote voltou a interrogá-lo, perguntando-lhe: Tu és o Cristo, o Filho do Deus bendito?
- 62Jesus respondeu: Eu sou. E vereis o Filho do homem assentado à direita do Poderoso,* vindo com as nuvens do céu.
- 63Então o sumo sacerdote rasgou suas vestes e disse: Para que precisamos ainda de testemunhas?
- 64Acabais de ouvir a blasfêmia. Que vos parece? E todos o condenaram como réu digno de morte.
- 65E alguns começaram a cuspir nele, a cobrir-lhe o rosto,* a dar-lhe socos e a dizer: Profetiza. E, dando-lhe bofetadas, os guardas o levaram.
Pedro nega Jesus
"Mt 26.69-75; Lc 22.54-62; Jo 18.15-18; 25-27"
- 66"Pedro estava na parte de baixo, no pátio. Então, chegou uma das criadas do sumo sacerdote; "
- 67quando ela viu Pedro, que ali se aquecia, fixou nele o olhar e disse: Tu também estavas com Jesus, o Nazareno.
- 68Mas ele negou, dizendo: Não sei nem compreendo o que dizes. E saiu para o alpendre.*
- 69Quando a criada o viu, começou de novo a dizer aos que ali estavam: Esse é um deles.
- 70"Mas ele negou outra vez. E pouco depois, os que ali estavam disseram novamente a Pedro: Certamente tu és um deles; pois também és galileu. "
- 71Ele, porém, começou a proferir maldições e a jurar: Não conheço esse homem de quem falais.
- 72Nesse instante, o galo cantou pela segunda vez.* E Pedro lembrou-se da palavra que Jesus dissera: Antes que o galo cante duas vezes, três vezes me negarás. E caindo em si, começou a chorar.
Jesus perante Pilatos
"Mt 27.1, 2, 11-26; Lc 23.1-25; Jo 18.28-40 e 19.1-16"
- 1Logo de manhã, os principais sacerdotes reuniram-se em conselho com os líderes religiosos, escribas e todo o Sinédrio. Amarrando Jesus pelas mãos, levaram-no e o entregaram a Pilatos.
- 2E Pilatos perguntou-lhe: Tu és o rei dos judeus? Jesus lhe respondeu: É como dizes.
- 3E os principais sacerdotes o acusavam de muitas coisas.
- 4Pilatos voltou então a interrogá-lo: Não respondes nada? Vê quantas acusações te fazem.
- 5Mas Jesus não respondeu mais nada, e Pilatos ficou admirado.
- 6Por ocasião da festa era costume soltar um preso que eles pedissem.
- 7E havia um homem chamado Barrabás, preso com outros rebeldes que haviam cometido um homicídio durante uma revolta.
- 8A multidão chegou e começou a pedir o que se lhe costumava fazer.
- 9E Pilatos lhes perguntou: Quereis que vos solte o rei dos judeus?
- 10Pois ele sabia que os principais sacerdotes lhe haviam entregado Jesus por inveja.
- 11Mas os principais sacerdotes provocaram a multidão para que, ao contrário, ela pedisse que lhe soltasse Barrabás.
- 12Voltando a falar, Pilatos perguntou-lhes: Que farei, então, daquele a quem chamais rei dos judeus?
- 13Novamente eles gritaram: Crucifica-o!
- 14E Pilatos lhes disse: Mas que mal ele fez? Eles, porém, gritavam ainda mais: Crucifica-o!
- 15Então Pilatos, querendo agradar a multidão, soltou Barrabás. E, tendo mandado espancar Jesus, entregou-o para ser crucificado.
Os soldados zombam de Jesus
Mt 27.27-31
- 16Os soldados levaram-no, então, para dentro do palácio, que é o pretório,* e convocaram todo o destacamento de soldados.
- 17"Vestiram-no com um manto de púrpura e puseram-lhe na cabeça uma coroa de espinhos que haviam feito; "
- 18e começaram a saudá-lo: Viva o rei dos judeus!
- 19Batiam-lhe na cabeça com um bordão, cuspiam-lhe e, de joelhos, adoravam-no.
- 20Depois de zombarem dele desse modo, despiram-lhe o manto de púrpura e vestiram-lhe roupas. Então o levaram para fora, a fim de crucificá-lo.
A crucificação
"Mt 27.32-56; Lc 23.33-49; Jo 19.17-37"
- 21E obrigaram um homem que passava por ali, vindo do campo, a carregar-lhe a cruz. Era Simão de Cirene, pai de Alexandre e de Rufo.
- 22Levaram Jesus ao lugar chamado Gólgota, que quer dizer Lugar da Caveira.
- 23E ofereceram-lhe vinho misturado com mirra, mas ele não tomou.
- 24Então o crucificaram e repartiram entre si suas roupas, tirando sortes sobre elas para ver o que cada um levaria.
- 25Era a hora terceira* quando o crucificaram.
- 26Acima dele estava a sua acusação por escrito: O REI DOS JUDEUS.
- 27Também crucificaram com ele dois ladrões, um à sua direita e outro à esquerda.
- 28[E cumpriu-se a Escritura que diz: E foi contado com os transgressores.]*
- 29E os que passavam o insultavam, balançavam a cabeça e diziam: Ah! Tu que destróis o santuário e em três dias o reedificas,
- 30salva a ti mesmo, descendo da cruz.
- 31De igual modo, os principais sacerdotes, com os escribas, zombando dele, diziam entre si: Salvou os outros, mas não consegue salvar a si mesmo!
- 32Desça agora da cruz o Cristo, o rei de Israel, para que vejamos e creiamos. E os que com ele foram crucificados também o insultavam.
- 33Chegada a hora sexta, houve trevas sobre toda a terra, até a hora nona.*
- 34E à hora nona, Jesus exclamou em alta voz: Eloí, Eloí, lamá sabactani?, que traduzido é: Deus meu! Deus meu! Por que me desamparaste?
- 35Ao ouvirem isso, alguns que ali estavam disseram: Ele está chamando por Elias.
- 36Então um deles correu, ensopou uma esponja em vinagre e, pondo-a numa haste, deu-lhe de beber, dizendo: Deixai, vejamos se Elias virá tirá-lo.
- 37Mas Jesus, dando um alto brado, expirou.
- 38Então o véu do santuário se rasgou em dois, de alto a baixo.
- 39E vendo-o expirar assim, o centurião, que estava diante dele, disse: É verdade, este homem era o Filho de Deus!
- 40"E algumas mulheres também estavam ali, olhando de longe, entre as quais Maria Madalena; Maria, mãe de Tiago, o mais novo, e de José; e Salomé."
- 41Elas seguiam Jesus e o serviam quando ele estava na Galileia. Estavam ali também muitas outras que tinham subido com ele para Jerusalém.
O sepultamento de Jesus
"Mt 27.57-61; Lc 23.50-56; Jo 19.38-42"
- 42Ao cair da tarde, por ser o dia da preparação, isto é, a véspera do sábado,
- 43José de Arimateia, ilustre membro do Sinédrio, que também esperava o reino de Deus, enchendo-se de coragem, foi a Pilatos e pediu o corpo de Jesus.
- 44Pilatos admirou-se de que ele já estivesse morto e, chamando o centurião, perguntou-lhe se, de fato, ele havia morrido.
- 45"E, depois de informado pelo centurião, cedeu o corpo a José;"
- 46este, comprando um pano de linho, tirou o corpo da cruz, envolveu-o no pano e colocou-o num sepulcro aberto na rocha. E rolou uma pedra sobre a entrada do sepulcro.
- 47E Maria Madalena e Maria, mãe de José, observaram onde ele havia sido posto.
A ressurreição
"Mt 28.1-10; Lc 24.1-12; Jo 20.1-18"
- 1Passado o sábado, Maria Madalena, Maria, mãe de Tiago, e Salomé compraram essências aromáticas para ungir o corpo de Jesus.
- 2No primeiro dia da semana, bem cedo, ao nascer do sol, elas foram ao sepulcro.
- 3E diziam umas às outras: Quem nos removerá a pedra da entrada do sepulcro?
- 4Mas, levantando os olhos, notaram que a pedra, que era muito grande, já havia sido removida.
- 5Ao entrarem no sepulcro, viram um moço sentado à direita, vestido com um manto branco, e ficaram com medo.
- 6"Ele, porém, lhes disse: Não tenhais medo; procurais Jesus, o Nazareno, que foi crucificado. Ele ressuscitou! Não está aqui. Este é o lugar onde o puseram."
- 7Mas ide, dizei a seus discípulos, e a Pedro, que ele vai adiante de vós para a Galileia. Ali o vereis, como ele vos disse.
- 8Então elas saíram e fugiram do sepulcro, tremendo e assustadas. E não disseram nada a ninguém, pois estavam com medo.
Jesus aparece depois de sua ressurreição
- 9*[Depois de ressuscitar, cedo no primeiro dia da semana, Jesus apareceu primeiramente a Maria Madalena, da qual havia expulsado sete demônios.
- 10E ela foi anunciar isso aos que haviam andado com ele, que estavam tristes e chorando.
- 11Quando souberam que ele estava vivo, e que fora visto por ela, não creram.
- 12Depois disso, ele se manifestou sob outra forma a dois deles que iam a caminho do campo,
- 13os quais foram anunciá-lo aos outros, mas nem a esses deram crédito.
A grande comissão
- 14Por último, então, apareceu aos Onze, estando eles à mesa,* e criticou-lhes a incredulidade e a dureza de coração, por não terem dado crédito aos que o haviam visto ressurreto.
- 15E disse-lhes: Ide por todo o mundo, e pregai o evangelho a toda criatura.
- 16Quem crer e for batizado será salvo, mas quem não crer será condenado.
- 17E estes sinais acompanharão os que crerem: em meu nome expulsarão demônios, falarão novas línguas,
- 18"pegarão em serpentes, e se beberem alguma coisa mortífera não lhes fará mal algum; imporão as mãos aos enfermos, e estes serão curados."
A ascensão
"Lc 24.50-53; At 1.6-11"
- 19Depois de lhes ter falado, o Senhor foi elevado ao céu e assentou-se à direita de Deus.
- 20Então, saindo os discípulos, pregaram por toda parte, e o Senhor cooperava com eles confirmando a palavra com os sinais que os acompanhavam.]
Versão: Almeida Século 21