Daniel
Os jovens judeus na corte de Nabucodonosor
- 1No terceiro ano do reinado de Jeoaquim, rei de Judá, Nabucodonosor, rei da Babilônia, veio a Jerusalém e a sitiou.
- 2"O Senhor entregou nas suas mãos Jeoa¬quim, rei de Judá, e parte dos utensílios do templo de Deus; ele os levou para a terra de Sinar, para o templo do seu deus, e os pôs na casa do tesouro do seu deus."
- 3Então o rei disse a Aspenaz, chefe dos seus oficiais, que trouxesse alguns dos israelitas da família real e dos nobres,
- 4"jovens sem defeito algum, de boa aparência, dotados de sabedoria, inteligência e instrução, e com capacidade para servir no palácio do rei; e disse-lhe que lhes ensinasse a cultura e a língua dos babilônios."
- 5O rei lhes determinou a porção diária das iguarias do rei, e do vinho que ele bebia, e que assim fossem alimentados por três anos, para que, no fim destes, pudessem servir diante do rei.
- 6Entre eles se achavam alguns vindos de Judá: Daniel, Hananias, Misael e Azarias.
- 7"O chefe dos oficiais lhes deu outros nomes: a Daniel, o de Beltessazar; a Hananias, o de Sadraque; a Misael, o de Mesaque; e a Azarias, o de Abednego."
- 8Porém Daniel decidiu não se contaminar com a porção das iguarias do rei, nem com o vinho que ele bebia. Então pediu permissão ao chefe dos oficiais para não se contaminar.
- 9Deus concedeu a Daniel misericórdia e compreensão da parte do chefe dos oficiais.
- 10Mas o chefe dos oficiais disse a Daniel: Tenho medo do meu senhor, o rei, que determinou a vossa comida e a vossa bebida. Se ele achar os vossos rostos mais abatidos do que os dos outros jovens da vossa idade, poreis minha cabeça em perigo diante do rei.
- 11Então Daniel disse ao encarregado designado pelo chefe dos oficiais para cuidar de Daniel, Hananias, Misael e Azarias:
- 12Peço-te que proves os teus servos por dez dias, dando-nos apenas legumes para comer e água para beber.
- 13Então, na tua presença, que a nossa aparência seja comparada com a dos jovens que comem das iguarias reais, e faze aos teus servos de acordo com o que observares.
- 14Assim, ele atendeu ao pedido e os experimentou por dez dias.
- 15Passados dez dias, a aparência deles era melhor e eles estavam mais nutridos do que todos os jovens que comiam das iguarias reais.
- 16Então o oficial lhes tirou as iguarias e o vinho que deviam beber e passou a dar-lhes legumes.
- 17"No caso desses quatro jovens, Deus lhes deu conhecimento e inteligência em toda a cultura e ciência; e Daniel tinha discernimento sobre todo tipo de visões e sonhos."
- 18Passado o tempo determinado pelo rei para que os jovens fossem trazidos a ele, o chefe dos oficiais os apresentou diante de Nabucodonosor.
- 19"Então o rei conversou com eles, e não encontrou ninguém como Daniel, Hananias, Misael e Azarias entre todos os outros; por isso, eles passaram a servir o rei."
- 20E o rei achou-os dez vezes mais instruídos do que todos os magos e adivinhos que havia em todo o seu reino, em toda matéria de sabedoria e discernimento sobre a qual lhes perguntou.
- 21E Daniel permaneceu ali até o primeiro ano do rei Ciro.
O sonho do rei Nabucodonosor
- 1No segundo ano de seu reinado, Nabucodonosor teve sonhos. Isso lhe perturbou muito o espírito, e ele perdeu o sono.
- 2"Então o rei mandou chamar os magos, os adivinhos, os feiticeiros e os astrólogos, para que lhe dissessem os seus sonhos; eles vieram e se apresentaram diante do rei."
- 3E o rei lhes disse: Tive um sonho, e estou aflito para saber o que significa.
- 4Os astrólogos disseram ao rei em aramaico: Ó rei, vive eternamente. Conta o sonho a teus servos, e daremos a interpretação.
- 5O rei lhes respondeu: Este é o meu decreto: se não me contardes o sonho e sua interpretação, sereis despedaçados, e as vossas casas se tornarão um monte de entulho.
- 6Mas se me revelardes o sonho e sua interpretação, recebereis de mim presentes, recompensas e grande honra. Portanto, dizei-me o sonho e sua interpretação.
- 7Mas eles responderam pela segunda vez: Conte o rei o sonho a seus servos, e daremos a interpretação.
- 8O rei respondeu: Sei muito bem que quereis ganhar tempo, porque sabeis o que decretei.
- 9Se não me contardes o sonho, recebereis a mesma sentença, pois preparastes palavras mentirosas e más para dizer na minha presença, até que as coisas mudem. Portanto, contai-me o sonho, para que eu saiba que sois capazes de interpretá-lo.
- 10Os astrólogos responderam diante do rei: Não há ninguém sobre a terra que possa cumprir a determinação do rei. Nenhum rei, por grande e poderoso que fosse, jamais exigiu de um mago, adivinho ou astrólogo algo parecido com isso.
- 11O que o rei exige é difícil, e ninguém é capaz de declará-lo ao rei, senão os deuses, que não moram junto aos mortais.*
- 12Então o rei se irou muito e se enfureceu, e ordenou que matassem todos os sábios da Babilônia.
- 13E saiu o decreto, segundo o qual deviam ser mortos os sábios. Daniel e seus companheiros foram procurados para serem mortos.
Daniel recebe de Deus a revelação do sonho do rei
- 14Quando Arioque, capitão da guarda real, saiu para matar os sábios da Babilônia, Daniel se dirigiu a ele de modo sensato e prudente.
- 15Ele disse a Arioque, oficial do rei: Por que o decreto do rei é tão urgente? Então Arioque explicou o caso a Daniel.
- 16Diante disso, Daniel se apresentou ao rei e pediu que lhe desse um prazo para revelar ao rei a interpretação.
- 17Então Daniel voltou para casa e contou o caso a seus companheiros, Hananias, Misael e Azarias,
- 18para que pedissem misericórdia ao Deus do céu sobre aquele mistério, a fim de que Daniel e seus companheiros não fossem mortos juntamente com os outros sábios da Babilônia.
- 19Então o mistério foi revelado a Daniel numa visão, de noite. Daniel louvou o Deus do céu.
- 20Daniel disse: Seja bendito o nome de Deus para todo o sempre, porque a sabedoria e a força pertencem a ele.
- 21"Ele muda os tempos e as estações; remove e estabelece os reis; é ele quem dá sabedoria aos sábios e entendimento aos que conhecem."
- 22"Ele revela o profundo e o escondido; conhece o que está em trevas, e a luz mora com ele."
- 23"Ó Deus de meus pais, a ti dou graças e louvor porque me deste sabedoria e força; e agora me revelaste o que te pedimos; pois nos revelaste este assunto do rei."
- 24"Então Daniel foi falar com Arioque, a quem o rei havia constituído para matar os sábios da Babilônia. Ele entrou e disse-lhe: Não mates os sábios da Babilônia; leva-me à presença do rei, e lhe darei a interpretação."
Daniel revela o sonho do rei
- 25Então Arioque levou Daniel depressa à presença do rei e disse-lhe assim: Achei entre os exilados de Judá um homem que revelará ao rei a interpretação.
- 26O rei respondeu a Daniel, cujo nome era Beltessazar: Podes me revelar o sonho que tive e a sua interpretação?
- 27E, na presença do rei, Daniel respondeu: O mistério que o rei exigiu, nem sábios, nem adivinhos, nem magos, nem prognosticadores lhe podem revelar,
- 28mas há um Deus no céu que revela os mistérios. Ele revelou ao rei Nabucodonosor o que acontecerá nos últimos dias. O sonho e as visões que tiveste quando estavas deitado são estes:
- 29Ó rei, quando estavas deitado, o teu pensamento se voltou às coisas futuras. Aquele que revela os mistérios te revelou o que acontecerá.
- 30E a mim foi revelado esse mistério, não por ter eu mais sabedoria entre os que vivem, mas para que a interpretação fosse revelada ao rei, e para que entendesses os pensamentos do teu coração.
- 31Ó rei, tu viste uma grande estátua em tua visão. Essa estátua, imensa e impressionante, estava em pé diante de ti, e tinha uma aparência terrível.
- 32"A cabeça da estátua era de ouro fino; o peito e os braços, de prata; o ventre e o quadril, de bronze;"
- 33"as pernas, de ferro; e os pés, em parte de ferro e em parte de barro."
- 34Enquanto estavas vendo isso, uma pedra soltou-se sem auxílio de mãos e feriu a estátua nos pés de ferro e de barro, e os esmigalhou.
- 35"Então o ferro, o barro, o bronze, a prata e o ouro foram despedaçados e viraram pó, como a palha das eiras no verão. O vento os levou sem deixar nenhum vestígio; porém a pedra que feriu a estátua se tornou uma grande montanha e encheu toda a terra."
Daniel interpreta o sonho
- 36Este é o sonho. Agora diremos ao rei a interpretação.
- 37"Ó rei, tu és rei de reis, a quem o Deus do céu tem dado o reino, o poder, a força e a glória;"
- 38"e em cuja mão ele entregou os homens, onde quer que habitem, os animais do campo e as aves do céu, e te fez reinar sobre todos eles; tu és a cabeça de ouro."
- 39"Depois de ti, se levantará outro reino, inferior ao teu; e um terceiro reino, de bronze, o qual terá domínio sobre toda a terra."
- 40"E haverá um quarto reino, forte como ferro, pois o ferro esmigalha e quebra tudo; assim como o ferro quebra todas as coisas, ele quebrará e destruirá."
- 41"Quanto ao que viste dos pés e dos dedos, em parte de barro de oleiro, e em parte de ferro, esse será um reino dividido; mas haverá nele alguma coisa da firmeza do ferro, como viste o ferro misturado com barro.* "
- 42E como os dedos dos pés eram em parte de ferro e em parte de barro, assim uma parte o reino será forte e a outra será frágil.
- 43Quanto ao que viste do ferro misturado com barro,* haverá mistura por casamento, mas não se ligarão um ao outro, como o ferro não se mistura com o barro.
- 44Mas, durante o reinado desses reis, o Deus do céu levantará um reino que não será jamais destruído. A soberania desse reino não passará a outro povo, mas ele destruirá e consumirá todos esses reinos, e subsistirá para sempre.
- 45Como viste que uma pedra soltou-se do monte, sem auxílio de mãos, e esmigalhou o ferro, o bronze, o barro, a prata e o ouro, o grande Deus revela ao rei o que acontecerá no futuro. Certo é o sonho, e fiel a sua interpretação.
- 46Então o rei Nabucodonosor caiu com o rosto em terra e reverenciou Daniel, e ordenou que lhe trouxessem uma oferta de cereal e incenso.
- 47O rei respondeu a Daniel: Verdadeiramente, o vosso Deus é Deus dos deuses, e o Senhor dos reis, e o revelador dos mistérios, pois pudeste revelar este mistério.
- 48Então o rei exaltou Daniel e lhe deu muitos presentes especiais, e o pôs por governador de toda a província da Babilônia, e também o fez chefe principal de todos os sábios da Babilônia.
- 49"A pedido de Daniel, o rei nomeou Sadraque, Mesaque e Abednego como superintendentes dos negócios da província da Babilônia; mas Daniel permaneceu na corte real."
A estátua de ouro de Nabucodonosor
- 1O rei Nabucodonosor fez uma estátua de ouro, cuja altura era de sessenta côvados e a largura de seis côvados.* Ele a levantou no campo de Dura, na província da Babilônia.
- 2Então o rei Nabucodonosor mandou ajuntar os sátrapas, os prefeitos, os governadores, os conselheiros, os tesoureiros, os juízes, os magistrados e todos os oficiais das províncias para que viessem à dedicação da estátua que ele havia mandado levantar.
- 3"Então se ajuntaram os sátrapas, os prefeitos, os governadores, os conselheiros, os tesoureiros, os juízes, os magistrados e todos os oficiais das províncias para a dedicação da estátua que o rei Nabucodonosor tinha mandado erguer; e todos estavam em pé diante da estátua."
- 4Então o arauto clamou em alta voz: Ordena-se a vós, ó povos, nações e gentes de todas as línguas:
- 5Logo que ouvirdes o som da trombeta, da flauta, da harpa, da cítara, do saltério, da flauta dupla e de todo tipo de música, vos prostrareis e adorareis a estátua de ouro que o rei Nabucodonosor ergueu.
- 6E qualquer um que não se prostrar e não a adorar será lançado na mesma hora numa fornalha de fogo ardente.
- 7Portanto, no mesmo instante em que ouviram o som da trombeta, da flauta, da harpa, da cítara, do saltério e de todo tipo de música, todos os povos, nações e línguas se prostraram e adoraram a estátua de ouro que o rei Nabucodonosor havia levantado.
Os jovens judeus são lançados na fornalha ardente
- 8Nesse momento, alguns astrólogos chegaram e acusaram os judeus.
- 9E disseram ao rei Nabucodonosor: Ó rei, vive eternamente.
- 10"Ó rei, tu decretaste que todo homem que ouvisse o som da trombeta, da flauta, da harpa, da cítara, do saltério, da flauta dupla e de todo tipo de música se prostraria e adoraria a estátua de ouro;"
- 11e qualquer um que não se prostrasse e adorasse seria lançado numa fornalha de fogo ardente.
- 12"Há alguns homens judeus que tu constituíste sobre os negócios da província da Babilônia: Sadraque, Mesaque e Abednego. Esses homens não fizeram caso de ti, ó rei; não cultuam teus deuses, nem adoram a estátua de ouro que levantaste."
- 13Então Nabucodonosor, na sua ira e fúria, mandou chamar Sadraque, Mesaque e Abednego. Logo esses homens foram trazidos à presença do rei.
- 14Nabucodonosor lhes dirigiu a palavra e disse: Ó Sadraque, Mesaque e Abednego, é verdade que não cultuais a meus deuses nem adorais a estátua de ouro que levantei?
- 15"Pois agora, se estais prontos, quando ouvirdes o som da trombeta, da flauta, da harpa, da cítara, do saltério, da flauta dupla e de todo tipo de música, para vos prostrardes e adorardes a estátua que fiz, será melhor fazê-lo; mas, se não a adorardes, sereis lançados na mesma hora numa fornalha de fogo ardente; e quem é esse deus que vos poderá livrar das minhas mãos?"
- 16Sadraque, Mesaque e Abednego disseram ao rei: Ó Nabucodonosor, não precisamos responder-te sobre isto.
- 17"O nosso Deus, a quem cultuamos, pode nos livrar da fornalha de fogo ardente; e ele nos livrará da tua mão, ó rei."
- 18Mas se não, fica sabendo, ó rei, que não cultuaremos teus deuses nem adoraremos a estátua de ouro que levantaste.
- 19"Então Nabucodonosor ficou com tanta raiva que seu rosto mudou por causa de Sadraque, Mesaque e Abednego; e deu ordem para que se aquecesse a fornalha sete vezes mais do que se costumava aquecer;"
- 20e ordenou a alguns guerreiros do seu exército que amarrassem Sadraque, Mesaque e Abednego e os lançassem na fornalha de fogo ardente.
- 21Então eles foram amarrados, vestidos de seus mantos, suas túnicas, seus turbantes e demais roupas, e foram lançados na fornalha de fogo ardente.
- 22A ordem do rei era tão urgente e a fornalha estava tão quente, que a chama do fogo matou os homens que carregaram Sadraque, Mesaque e Abednego.
- 23Estes três, Sadraque, Mesaque e Abednego, caíram amarrados dentro da fornalha de fogo ardente.
O livramento divino muda o coração do rei
- 24"Então o rei Nabucodonosor ficou impressionado e se levantou depressa; falou, e disse aos seus conselheiros: Não lançamos dentro do fogo três homens amarrados? Responderam ao rei: É verdade, ó rei."
- 25"Disse ele: Porém, eu vejo quatro homens soltos, que andam passeando dentro do fogo, e eles nada sofrem; e o quarto homem é parecido com um filho dos deuses."
- 26Então, aproximando-se da entrada da fornalha de fogo ardente, Nabucodonosor disse: Sadraque, Mesaque e Abednego, servos do Deus Altíssimo, saí e vinde! Logo Sadraque, Mesaque e Abednego saíram do meio do fogo.
- 27E os sátrapas, os prefeitos, os governadores e os conselheiros do rei, estando reunidos, viram que o fogo não tivera poder algum sobre o corpo daqueles homens, nem os cabelos da sua cabeça foram chamuscados, nem os seus mantos se alteraram, nem cheiro de fogo havia neles.
- 28Então Nabucodonosor falou, e disse: Bendito seja o Deus de Sadraque, Mesaque e Abednego, que enviou seu anjo e livrou seus servos, que confiaram nele e frustraram a ordem do rei, preferindo entregar os seus corpos a cultuar ou adorar outro deus, senão o seu Deus.
- 29"Por isso, eu decreto que todo povo, nação e língua que proferir blasfêmia contra o Deus de Sadraque, Mesaque e Abednego seja despedaçado, e as suas casas se tornem um monte de entulho; porque não há outro deus que possa livrar desta maneira."
- 30Então o rei fez Sadraque, Mesaque e Abednego prosperarem na província da Babilônia.
O rei Nabucodonosor tem outro sonho
- 1O rei Nabucodonosor a todos os povos, nações e línguas, que moram em toda a terra: Paz vos seja multiplicada.
- 2Pareceu-me bem divulgar os sinais e as maravilhas que Deus, o Altíssimo, tem feito para comigo.
- 3Quão grandes são os seus sinais, e quão poderosas as suas maravilhas! O seu reino é um reino que dura para sempre, e o seu domínio é de geração em geração.
- 4Eu, Nabucodonosor, estava sossegado em minha casa, e próspero no meu palácio.
- 5"Tive um sonho que me deixou impressionado; deitado na minha cama, os pensamentos e as visões da minha mente me perturbaram."
- 6Portanto, expedi um decreto de que fossem trazidos à minha presença todos os sábios da Babilônia, para que me revelassem a interpretação do sonho.
- 7"Então entraram os magos, os adivinhos, os astrólogos e os prognosticadores, e lhes contei o sonho; mas não puderam interpretá-lo."
- 8Por fim, veio à minha presença Daniel, cujo nome é Beltessazar, conforme o nome do meu deus, e que tem o espírito dos deuses santos, e eu lhe contei o sonho:
- 9Ó Beltessazar, chefe dos magos, sei que tens o espírito dos deuses santos, e nenhum mistério te é difícil, conta-me as visões do sonho que tive e a sua interpretação.
- 10Eram assim as visões do meu sonho, quando estava na minha cama: eu olhava, e via uma árvore no meio da terra, e ela era muito alta.
- 11A árvore cresceu e se fortaleceu, e a sua altura chegou até o céu, e era vista até os confins da terra.
- 12"Sua folhagem era bela, e seu fruto era tanto que havia sustento para todos; os animais do campo achavam sombra debaixo dela, e as aves do céu faziam morada nos seus ramos, e toda criatura se sustentava dela."
- 13Tive essas visões no meu sonho, deitado na minha cama, e vi uma sentinela, um ser santo, descendo do céu.
- 14"Ele clamou bem alto e disse assim: Derrubai a árvore, cortai-lhe os ramos, sacudi suas folhas e espalhai o seu fruto; afugentem-se os animais de debaixo dela, e as aves dos seus ramos."
- 15"Mas deixai na terra o tronco com as raízes, numa cinta de ferro e de bronze, no meio da grama verde do campo; seja molhado pelo orvalho do céu e se alimente da grama da terra, como os animais."
- 16"Seja mudada a sua mente, que deixará de ser humana, e lhe seja dada mente de animal; até que se passem sete tempos."
- 17Esta sentença é por decreto das sentinelas e por mandado dos santos, a fim de que os que vivem saibam que o Altíssimo tem domínio sobre o reino dos homens, e o dá a quem quer, e até o mais humilde dos homens constitui sobre eles.
- 18"Eu, rei Nabucodonosor, tive esse sonho. Tu, Beltessazar, diz a interpretação, porque nenhum sábio do meu reino pôde me revelar a interpretação; mas tu podes, pois tens o espírito dos deuses santos."
Daniel interpreta o sonho
- 19Então Daniel, cujo nome era Beltessazar, ficou perplexo por algum tempo, e os seus pensamentos o perturbaram. O rei então disse: Beltessazar, não te impressiones com o sonho, nem com a interpretação. Beltessazar respondeu: Senhor meu, seja o sonho contra os que te odeiam, e a sua interpretação contra os teus inimigos.
- 20"A árvore que viste, que cresceu e se fortaleceu, cuja altura chegava até o céu, e que era vista por toda a terra;"
- 21"cujas folhas eram belas, e o seu fruto era tanto que havia sustento para todos, debaixo da qual os animais do campo achavam sombra, e em cujos ramos habitavam as aves do céu;"
- 22"essa árvore és tu, que cresceste e te fortaleceste, ó rei; a tua grandeza cresceu e chegou até o céu, e o teu domínio, até a extremidade da terra."
- 23"E quanto à sentinela que o rei viu, o ser santo que descia do céu e dizia: Cortai a árvore e destruí-a; porém deixai na terra o tronco com as raízes, numa cinta de ferro e de bronze, no meio da grama verde do campo; seja molhado pelo orvalho do céu e se alimente da grama da terra, como os animais, até que se passem sete tempos;"
- 24esta é a interpretação, ó rei: é o decreto do Altíssimo, que é enviado ao rei, meu senhor:
- 25"Tu serás expulso do meio dos homens, e a tua morada será com os animais do campo, e te farão comer grama como os bois; serás molhado pelo orvalho do céu, até que se passem sete tempos, até que reconheças que o Altíssimo tem domínio sobre o reino dos homens e o dá a quem quer."
- 26E quanto ao que foi dito, que deixassem o tronco com as raízes da árvore, o teu reino voltará para ti, depois que tiveres reconhecido que o céu reina.
- 27Portanto, aceita o meu conselho, ó rei: Abandona teus pecados, praticando a justiça, e renuncia às tuas maldades, usando de misericórdia com os pobres, se quiseres prolongar a tua tranquilidade.
Cumpre-se o sonho do rei
- 28Tudo isso aconteceu com o rei Nabucodonosor.
- 29Depois de doze meses, quando andava no palácio real da Babilônia,
- 30o rei disse: Não é esta a grande Babilônia que edifiquei para a morada real, pela força do meu poder, e para a glória da minha majestade?
- 31O rei ainda estava falando quando veio uma voz do céu: A ti se diz, ó rei Nabucodonosor: O reino te foi tirado.
- 32"Serás expulso do meio dos homens e a tua morada será com os animais do campo; te farão comer grama como os bois, e passarão sete tempos até que reconheças que o Altíssimo tem domínio sobre o reino dos homens e o dá a quem quer."
- 33Na mesma hora, a palavra se cumpriu sobre Nabucodonosor: ele foi expulso do meio dos homens e começou a comer grama como os bois, e o seu corpo foi molhado pelo orvalho do céu, até que lhe cresceram pelos como as penas da águia, e as suas unhas, como as das aves.
- 34"Mas ao fim daqueles dias, eu, Nabucodonosor, levantei os olhos ao céu e voltou a mim o meu entendimento, e eu bendisse o Altíssimo, e louvei e glorifiquei ao que vive para sempre; porque o seu domínio é um domínio eterno, e o seu reino é de geração em geração."
- 35"E todos os moradores da terra são considerados nada; e ele age no exército do céu e entre os moradores da terra segundo a sua vontade; ninguém pode deter a sua mão, nem lhe dizer: Que fazes?"
- 36"No mesmo tempo, voltou a mim o meu entendimento; e voltou a mim a minha majestade e o meu resplendor, para a glória do meu reino. Os meus conselheiros e os meus nobres me procuraram; e fui restabelecido no meu reino, e minha grandeza se tornou ainda maior."
- 37"Portanto, eu, Nabucodonosor, agora louvo, exalto e glorifico ao Rei do céu; porque todas as suas obras são corretas, e os seus caminhos, justos, e ele pode humilhar aqueles que vivem orgulhosamente."
O banquete do rei Belsazar: A mão misteriosa
- 1O rei Belsazar deu um grande banquete para mil dos seus nobres, e bebeu vinho na presença dos mil.
- 2Quando estava bebendo o vinho, Belsazar mandou trazer as taças de ouro e de prata que Nabucodonosor, seu pai, tinha tirado do templo que estava em Jerusalém, para que o rei, seus nobres, suas mulheres e concubinas os usassem para beber.
- 3Então trouxeram as taças de ouro que foram tiradas do templo de Deus, que estava em Jerusalém, e o rei, seus nobres, suas mulheres e concubinas beberam nelas.
- 4Beberam vinho e deram louvores aos deuses de ouro, de prata, de bronze, de ferro, de madeira e de pedra.
- 5"Na mesma hora, apareceram uns dedos de mão humana que escreviam no reboco da parede do palácio real, defronte do castiçal; e o rei via os dedos que estavam escrevendo."
- 6"Então, a fisionomia do rei mudou, e seus pensamentos o perturbaram; suas pernas ficaram fracas e seus joelhos batiam um no outro."
- 7"O rei gritou para que trouxessem os adivinhos, os astrólogos e os prognosticadores; e o rei disse aos sábios da Babilônia: Quem ler esta inscrição e me declarar a sua interpretação será vestido de púrpura e terá um colar de ouro no pescoço, e será o terceiro governante no reino."
- 8"Então vieram todos os sábios do rei; mas eles não puderam ler a inscrição, nem declarar sua interpretação ao rei."
- 9"O rei Belsazar ficou muito perturbado com isso, e sua fisionomia mudou; e seus nobres estavam perplexos."
Daniel é chamado para interpretar a inscrição
- 10"Aconteceu que, por causa das palavras do rei e dos seus nobres, a rainha entrou no salão do banquete. E a rainha disse: Ó rei, vive para sempre; não te perturbem os teus pensamentos, nem se altere a tua fisionomia."
- 11"Há no teu reino um homem que tem o espírito dos deuses santos; nos dias de teu pai, se achou nele luz, inteligência e sabedoria, como a sabedoria dos deuses. Teu pai, o rei Nabucodonosor; sim, ó rei, teu pai o constituiu chefe dos magos, dos adivinhos, dos astrólogos e dos prognosticadores;"
- 12porque neste Daniel, ao qual o rei pôs o nome de Beltessazar, se encontrou um espírito extraordinário, conhecimento e entendimento para interpretar sonhos, explicar enigmas e resolver dúvidas. Chame-se agora Daniel, e ele dará a interpretação.
- 13Então Daniel foi levado à presença do rei. O rei disse a Daniel: És tu aquele Daniel, um dos cativos de Judá, que o rei, meu pai, trouxe de Judá?
- 14Ouvi dizer a teu respeito que o espírito dos deuses está em ti, e que em ti se acham a luz, o entendimento e a excelente sabedoria.
- 15"Os sábios e os adivinhos acabaram de ser trazidos à minha presença para lerem a inscrição e me revelarem a sua interpretação; mas não puderam dar a interpretação destas palavras."
- 16Porém ouvi dizer a teu respeito que podes dar interpretações e resolver e¬nigmas. Agora, se puderes ler esta inscrição e me revelar a sua interpretação, serás vestido de púrpura, terás um colar de ouro no pescoço e serás o terceiro governante no reino.
- 17"Então Daniel respondeu, e disse na presença do rei: Os teus presentes fiquem contigo, e dá os teus prêmios a outro; porém vou ler ao rei a inscrição e lhe revelarei a interpretação."
- 18"Ó rei, o Deus Altíssimo deu o reino e a grandeza, glória e majestade a Nabucodonosor, teu pai;"
- 19"e por causa da grandeza que lhe deu, todos os povos, nações e línguas tremiam e temiam diante dele; ele matava ou poupava a vida de quem queria; exaltava ou abatia a quem queria."
- 20Mas, quando seu coração se exaltou e seu espírito se endureceu para agir arrogantemente, foi derrubado do seu trono real, e a sua glória lhe foi tirada.
- 21"Ele foi expulso do meio dos homens, e o seu coração foi feito semelhante ao dos animais, e a sua morada foi com os jumentos selvagens; deram-lhe grama a comer como aos bois, e o seu corpo foi molhado pelo orvalho do céu, até que reconheceu que o Altíssimo Deus tem domínio sobre o reino dos homens e constitui sobre ele a quem quer."
- 22"Mas tu, Belsazar, que és seu filho, não humilhaste o teu coração, embora soubesses de tudo isso;"
- 23"mas te elevaste contra o Senhor do céu, pois as taças do templo dele foram trazidas à tua presença, e tu, teus nobres, tuas mulheres e tuas concubinas bebestes vinho neles. Além disso, deste louvores aos deuses de prata, de ouro, de bronze, de ferro, de madeira e de pedra, que não veem, não ouvem, nem sabem; mas não glorificaste a Deus, em cuja mão está tua vida e de quem são todos os teus caminhos."
- 24Então aquela parte da mão que traçou o escrito foi enviada por ele.
- 25Esta é a frase que foi escrita: Mene, Mene, Tequel e Parsim.
- 26E esta é a interpretação: Mene: Deus contou os dias do teu reino e pôs fim nele.
- 27Tequel: Foste pesado na balança e foste achado em falta.
- 28Peres: O teu reino está dividido e entregue aos medos e persas.
- 29Então Belsazar deu ordem, e vestiram Daniel de púrpura, puseram-lhe um colar de ouro ao pescoço e anunciaram que ele seria o terceiro em autoridade no reino.
- 30Naquela mesma noite foi morto Belsazar, o rei dos babilônios.
- 31E Dario, o medo, recebeu o reino, tendo cerca de sessenta e dois anos de idade.
Daniel na cova dos leões
- 1"Pareceu bem a Dario nomear no reino cento e vinte sátrapas para governar todo o reino;"
- 2"e, acima deles, três superiores, dos quais Daniel era um; a fim de que esses sátrapas lhes dessem conta e que o rei não sofresse dano."
- 3"Então o mesmo Daniel se destacou entre esses superiores e sátrapas, porque havia nele um espírito extraordinário; e o rei pensava nomeá-lo para governar todo o reino."
- 4Enquanto isso, os superiores e os sátrapas procuravam um motivo para acusar Daniel em sua administração do reino, mas não conseguiam encontrar motivo ou falta alguma, porque ele era fiel, e não havia nenhum erro nem falta nele.
- 5Esses homens disseram: Nunca encontraremos motivo algum contra esse Daniel, a menos que o procuremos no que diz respeito à lei do seu Deus.
- 6Então os presidentes e os sátrapas foram juntos ao rei e disseram-lhe assim: Ó rei Dario, vive para sempre.
- 7Todos os superiores do reino, os prefeitos e os sátrapas, os conselheiros e os governadores, concordaram em que o rei deveria baixar um decreto, uma determinação real, de que, por um período de trinta dias, todo aquele que fizer uma petição a qualquer deus, ou a qualquer homem, exceto a ti, ó rei, seja lançado na cova dos leões.
- 8Ó rei, agora emite o decreto e assina o edital, para que não seja mudado, conforme a lei dos medos e dos persas, que não se pode revogar.
- 9Em virtude disso, o rei Dario assinou o edital do decreto.
- 10Quando Daniel soube que o edital estava assinado, entrou em casa, no seu quarto, em cima, onde estavam abertas as janelas que davam para o lado de Jerusalém, e, como antes costumava fazer três vezes ao dia, ajoelhou-se, orou e deu graças diante do seu Deus.
- 11Então aqueles homens foram juntos e encontraram Daniel orando e suplicando diante do seu Deus.
- 12Assim, foram à presença do rei e lhe perguntaram sobre o decreto real: Ó rei, acaso não assinaste um decreto pelo qual, por um período de trinta dias, todo aquele que fizesse uma petição a qualquer deus ou a qualquer homem, exceto a ti, fosse lançado na cova dos leões? O rei respondeu: Certamente o decretei, conforme a lei dos medos e dos persas, que não se pode revogar.
- 13"Então responderam ao rei, dizendo-lhe: Ó rei, esse Daniel, um dos exilados de Judá, não tem feito caso de ti nem do decreto que assinaste; ao contrário, faz a sua oração três vezes por dia."
- 14"Ouvindo a notícia, o rei ficou consternado e resolveu livrar Daniel; e esforçou-se para salvá-lo até o pôr do sol."
- 15Então aqueles homens foram juntos ao rei e lhe disseram: Ó rei, fica sabendo que é lei dos medos e persas que nenhuma determinação ou decreto que o rei estabelecer pode ser mudado.
- 16Então o rei deu ordem, e trouxeram Daniel e o lançaram na cova dos leões. O rei disse a Daniel: O teu Deus, a quem serves continuamente, te livrará.
- 17"Uma pedra foi trazida e posta sobre a boca da cova; e o rei a selou com seu anel e com o anel dos seus nobres, para que nada fosse mudado com respeito a Daniel."
- 18"Depois o rei se dirigiu a seu palácio e passou a noite em jejum, e não foram trazidos à sua presença instrumentos de música; e o rei perdeu o sono."
Daniel é libertado da cova dos leões
- 19Ao romper do dia, o rei se levantou e foi depressa à cova dos leões.
- 20"Quando chegou à cova, chamou por Daniel com voz triste; e disse o rei a Daniel: Ó Daniel, servo do Deus vivo, acaso o teu Deus, a quem serves continuamente, pôde livrar-te dos leões?"
- 21Então Daniel falou ao rei: Ó rei, vive para sempre.
- 22"O meu Deus enviou seu anjo e fechou a boca dos leões, e eles não me fizeram mal algum, porque foi achada inocência em mim diante dele; e também diante de ti não cometi delito algum, ó rei."
- 23Então o rei se alegrou muito e mandou tirar Daniel da cova. Assim, Daniel foi tirado da cova, e não acharam ferimento algum nele, porque havia confiado em seu Deus.
- 24"E, por ordem do rei, os homens que haviam acusado Daniel foram trazidos e lançados na cova dos leões juntamente com seus filhos e suas mulheres; e antes de chegarem ao fundo da cova, os leões se apoderaram deles e lhes esmigalharam todos os ossos."
- 25Então o rei Dario escreveu a todos os povos, nações e línguas que moram em toda a terra: Paz vos seja multiplicada.
- 26"Promulgo um decreto pelo qual, em todo o domínio do meu reino, os homens tremam e temam diante do Deus de Daniel, pois ele é o Deus vivo, e permanece para sempre; e o seu reino nunca será destruído; o seu domínio durará para sempre."
- 27Ele livra e salva, e faz sinais e maravilhas no céu e na terra. Foi ele quem livrou Daniel do poder dos leões.
- 28Esse Daniel prosperou no reinado de Dario, e* no reinado de Ciro, o persa.
A visão dos quatro animais simbólicos
- 1No primeiro ano de Belsazar, rei da Babilônia, Daniel teve um sonho, e visões passaram em sua mente quando estava na cama. Então escreveu o sonho e registrou o resumo do sonho.
- 2Daniel disse: Numa visão à noite, vi que os quatro ventos do céu agitavam o mar Grande.
- 3E quatro grandes animais, diferentes uns dos outros, subiam do mar.
- 4"O primeiro era como leão e tinha asas de águia. Enquanto eu olhava, foram-lhe arrancadas as asas, e foi levantado da terra, e posto em dois pés como um homem; e foi-lhe dado um coração de homem."
- 5"Continuei olhando, e vi o segundo animal, parecido com um urso. Ele se levantou de um lado, tendo na boca três costelas entre os dentes; e foi-lhe dito: Levanta-te, devora as multidões.*"
- 6"Depois disso, continuei olhando e vi outro animal, parecido com um leopardo; tinha nas costas quatro asas de ave e também quatro cabeças, e foi-lhe dado domínio."
- 7"Depois, continuei olhando, em visões noturnas, e vi o quarto animal, terrível e assustador; era muito forte e tinha grandes dentes de ferro. Ele devorava, despedaçava e pisoteava tudo o que restava; era diferente de todos os animais que apareceram antes dele, e tinha dez chifres."
- 8"Enquanto eu observava os chifres, vi que entre eles subiu outro chifre, pequeno, diante do qual três dos primeiros chifres foram arrancados; e vi que havia olhos nesse chifre, como os de homem, e uma boca que falava com arrogância.*"
O ancião bem idoso e o filho do homem
- 9"Continuei olhando até que foram postos uns tronos, e um ancião bem idoso* se assentou; a sua veste era branca como a neve, e o cabelo da sua cabeça como lã puríssima; o seu trono era de chamas de fogo, e as rodas dele eram fogo ardente."
- 10"Um rio de fogo manava e saía de diante dele; milhares de milhares o serviam, e milhares de milhares estavam diante dele. Ele se assentou para julgar, e os livros foram abertos."
- 11"Então continuei olhando, por causa das palavras arrogantes* que o chifre proferia. Fiquei olhando até que o animal foi morto, e o seu corpo destruído; ele foi entregue para ser queimado pelo fogo."
- 12"Quanto aos outros animais, o domínio lhes foi tirado; porém lhes foi permitido continuar com vida por um período de tempo."
- 13Eu estava olhando nas minhas visões noturnas e vi que alguém parecido com filho de homem vinha nas nuvens do céu. Ele se dirigiu ao ancião bem idoso* e a ele foi levado.
- 14"E foi-lhe dado domínio, e glória, e um reino, para que todos os povos, nações e línguas o servissem; o seu domínio é um domínio eterno, que não passará, e o seu reino é tal que não será destruído."
A interpretação do sonho
- 15E, eu, Daniel, fiquei agitado em meu espírito, e as visões da minha mente me perturbavam.
- 16Cheguei-me a um dos que estavam ali e perguntei-lhe o verdadeiro significado de tudo aquilo. Ele me respondeu e me revelou a interpretação das coisas.
- 17Estes quatro grandes animais são quatro reis que se levantarão da terra.
- 18"Mas os santos do Altíssimo receberão o reino e o possuirão para todo o sempre; sim, para todo o sempre."
- 19"Então tive desejo de conhecer a verdade a respeito do quarto animal, que era diferente de todos os outros, sobremodo terrível, com dentes de ferro e unhas de bronze; ele devorava, fazia em pedaços e pisoteava o que restava;"
- 20e também a respeito dos dez chifres que ele tinha na cabeça, e do outro que subiu e diante do qual caíram três, isto é, do chifre que tinha olhos e uma boca que falava com arrogância,* e parecia ser mais forte do que os demais.
- 21Enquanto eu olhava, vi que o mesmo chifre fazia guerra contra os santos e prevalecia contra eles,
- 22"até que veio o ancião bem idoso* e o juízo foi executado a favor dos santos do Altíssimo; e chegou o tempo em que os santos possuíram o reino."
- 23"E ele me disse: O quarto animal será um quarto reino na terra; será diferente de todos os reinos; devorará toda a terra, a pisoteará e a despedaçará."
- 24"Quanto aos dez chifres, dez reis se levantarão daquele mesmo reino; e depois deles se levantará outro, que será diferente dos primeiros e abaterá três reis."
- 25"Falará palavras contra o Altíssimo e oprimirá os santos do Altíssimo; procurará mudar os tempos e a lei; os santos lhe serão entregues na mão por um tempo, tempos e metade de um tempo."
- 26Mas o tribunal se assentará para juízo e lhe tirará o domínio, para destruí-lo e o aniquilar por completo.
- 27O reino, o domínio e a grandeza dos reinos debaixo de todo o céu serão dados à multidão dos santos do Altíssimo. O seu reino será um reino eterno, e todos os domínios o servirão e lhe obedecerão.
- 28Esse é o fim da visão. Quanto a mim, Daniel, os meus pensamentos muito me perturbaram e o meu rosto ficou pálido, mas guardei essas coisas no coração.
Outra visão de Daniel: o carneiro e o bode
- 1No terceiro ano do reinado do rei Belsazar eu, Daniel, tive uma visão depois daquela que tive no princípio.
- 2"E na visão parecia-me que eu estava na cidadela de Susã, na província de Elão; e, naquela visão, eu estava à margem do rio Ulai."
- 3Levantei os olhos, olhei e vi em pé, diante do rio, um carneiro com dois chifres. Os dois chifres eram altos, mas um era mais alto que o outro, e o mais alto subiu por último.
- 4"Vi que o carneiro dava marradas para o ocidente, para o norte e para o sul; nenhum dos animais lhe podia resistir, nem havia quem pudesse livrar-se do seu poder; ele fazia o que desejava e crescia."
- 5"Enquanto eu considerava isso, vi que um bode vinha do ocidente por sobre a face de toda a terra, mas sem tocar no chão; e aquele bode tinha um chifre proeminente entre os olhos."
- 6Ele se dirigiu ao carneiro que tinha os dois chifres, o qual eu havia visto em pé diante do rio, e correu contra ele no furor da sua força.
- 7"Eu o vi aproximar-se do carneiro, cheio de ira; assim, ele o feriu e lhe quebrou os dois chifres. O carneiro não tinha força para lhe resistir, e o bode o jogou por terra e o pisoteou; também não havia quem pudesse livrar o carneiro do seu poder."
- 8O bode cresceu muito e, no auge de sua força, aquele grande chifre foi quebrado e no seu lugar nasceram outros quatro, também proeminentes, para os quatro lados do céu.
- 9"E saiu um chifre pequeno de um deles; este cresceu muito para o sul, para o oriente e para a Terra Gloriosa;"
- 10"e cresceu até o exército do céu; e jogou por terra algumas das estrelas desse exército, e as pisou."
- 11"Ele cresceu até confrontar o príncipe do exército; e lhe tirou o holocausto contínuo, e o lugar do seu santuário foi jogado por terra."
- 12E o exército lhe foi entregue, juntamente com o holocausto contínuo, por causa da transgressão. Lançou a verdade por terra, fez o que era do seu agrado e prosperou.
- 13"Depois ouvi um ser santo que falava; e outro ser santo disse àquele que falava: Até quando durará a visão sobre o holocausto contínuo e sobre a transgressão assoladora, e a entrega do santuário e do exército para serem pisados?"
- 14"Ele me respondeu: Até duas mil e trezentas tardes e manhãs; então o santuário será purificado.* "
Gabriel interpreta a visão de Daniel
- 15Enquanto eu, Daniel, observava a visão, procurei entendê-la, e vi alguém parecido com um homem diante de mim.
- 16E ouvi uma voz de homem entre as margens do Ulai, a qual gritou e disse: Gabriel, faz que este homem entenda a visão.
- 17Quando ele se aproximou de onde eu estava, fiquei amedrontado, e caí com o rosto em terra. Mas ele me disse: Filho do homem, sabe que esta visão se refere aos tempos do fim.
- 18"Enquanto ele falava comigo, fiquei em transe, com o rosto em terra; porém ele me tocou e me pôs em pé;"
- 19e disse: Eu te revelarei o que acontecerá nos últimos tempos da ira, pois isso pertence ao tempo determinado do fim.
- 20Aquele carneiro de dois chifres que viste são os reis da Média e da Pérsia.
- 21"Mas o bode peludo é o rei da Grécia; e o grande chifre que tinha entre os olhos é o primeiro rei."
- 22Os quatro chifres que se levantaram no lugar do que foi quebrado significa que quatro reinos se levantarão da mesma nação, mas não com a força dela.
- 23Mas, no fim do reinado deles, quando os transgressores tiverem chegado ao extremo, um rei de aparência feroz e que discerne enigmas se levantará.
- 24"Ele terá grande poder, mas não de si mesmo; destruirá terrivelmente, prosperará, fará o que desejar, e destruirá os poderosos e o povo santo."
- 25"Fará o engano prosperar sob sua mão com sutileza; se engrandecerá e destruirá muitos que vivem em segurança; e se levantará contra o príncipe dos príncipes, mas será quebrado sem intervenção de mão humana."
- 26E a visão da tarde e da manhã, que foi dita, é verdadeira. Tu, porém, sela a visão, porque se refere a dias muito distantes.
- 27"E eu, Daniel, desmaiei e fiquei doente alguns dias; então me levantei e tratei dos negócios do rei. Eu fiquei perplexo acerca da visão, pois ninguém podia entendê-la."
A oração de Daniel
- 1No primeiro ano de Dario, filho de Assuero,* da linhagem dos medos, que foi constituído rei sobre o reino dos babilônios,
- 2no primeiro ano do seu reinado, eu, Daniel, entendi pelos livros, segundo o que o SENHOR havia falado ao profeta Jeremias, que as desolações de Jerusalém durariam setenta anos.
- 3Então voltei o rosto ao Senhor Deus, para buscá-lo com oração e súplicas, com jejum, com pano de saco e cinzas.
- 4"Orei ao SENHOR, meu Deus, e, confessando, disse: Ó SENHOR, Deus grande e temível, que guardas a aliança e a misericórdia para com os que te amam e guardam os teus mandamentos;"
- 5pecamos e praticamos o mal, agindo com impiedade e rebeldia, apartando-nos dos teus preceitos e das tuas normas.
- 6Não demos ouvidos aos teus servos, os profetas, que falaram em teu nome aos nossos reis, nossos príncipes e nossos pais, como também a todo o povo da terra.
- 7"A ti, ó Senhor, pertence a justiça; mas a nós, a vergonha, como hoje se vê; aos homens de Judá, aos moradores de Jerusalém e a todo o Israel; aos de perto e aos de longe, em todas as terras para onde os tens lançado por causa das suas transgressões contra ti."
- 8Ó SENHOR, a vergonha pertence a nós, aos nossos reis, aos nossos príncipes e aos nossos pais, porque temos pecado contra ti.
- 9Ao Senhor, nosso Deus, pertencem a misericórdia e o perdão, já que nos rebelamos contra ele,
- 10e não obedecemos à voz do SENHOR, nosso Deus, para andarmos nas leis que nos deu por intermédio de seus servos, os profetas.
- 11"Todo o Israel transgrediu a tua lei, desviando-se para não obedecer à tua voz. Por isso se derramou sobre nós a maldição, o juramento que está escrito na lei de Moisés, servo de Deus; porque pecamos contra ele."
- 12"Ele confirmou a palavra que falou contra nós e contra nossos juízes que nos julgavam, trazendo sobre nós grande desgraça; porque nunca se fez debaixo de todo o céu o que se tem feito a Jerusalém."
- 13"Como está escrito na lei de Moisés, toda esta desgraça nos sobreveio; apesar disso, não buscamos o favor do SENHOR, nosso Deus, para nos convertermos das nossas maldades e alcançarmos discernimento na tua verdade."
- 14"Por isso, o SENHOR cuidou de trazer sobre nós a desgraça; pois o SENHOR, nosso Deus, é justo em tudo o que faz, e nós não temos obedecido à sua voz."
- 15"Ó Senhor, nosso Deus, que tiraste o teu povo da terra do Egito com mão poderosa e fizeste para ti um nome como hoje se vê; na verdade, temos pecado, temos agido impiamente."
- 16Ó Senhor, segundo todas as tuas justiças, afasta a tua ira e o teu furor de Jerusalém, tua cidade, teu santo monte. Porque os nossos pecados e as maldades de nossos pais fizeram de Jerusalém e do teu povo um objeto de zombaria para todos ao nosso redor.
- 17Ó nosso Deus, ouve agora a oração e as súplicas do teu servo, e faze resplandecer o teu rosto* sobre o teu santuário assolado, por amor de ti, Senhor.
- 18"Ó Deus meu, inclina os ouvidos e ouve; abre os olhos e olha para a nossa desolação, e para a cidade que é chamada pelo teu nome; pois não lançamos as nossas súplicas diante da tua face confiados em nossas justiças, mas em tuas muitas misericórdias."
- 19"Ó Senhor, ouve; ó Senhor, perdoa; ó Senhor, atende-nos e age sem tardar, por amor de ti mesmo, ó meu Deus, porque a tua cidade e o teu povo se chamam pelo teu nome."
As setenta semanas e o príncipe ungido
- 20Enquanto eu estava ainda falando e orando, confessando o meu pecado e o pecado do meu povo Israel, e lançando a minha súplica diante da face do SENHOR, meu Deus, pelo monte santo do meu Deus,
- 21enquanto eu estava ainda falando na oração, Gabriel, o homem que eu havia visto na minha visão anterior, veio voando rapidamente e tocou-me na hora do sacrifício da tarde.
- 22Ele me instruiu e falou comigo: Daniel, vim agora para te dar sabedoria e entendimento.
- 23"No princípio das tuas súplicas, saiu a ordem, e eu vim para te declarar, pois és muito amado; presta atenção na palavra e entende a visão."
- 24Setenta semanas estão decretadas sobre o teu povo e sobre a tua santa cidade, para fazer cessar a transgressão, para dar fim aos pecados e para expiar a iniquidade e trazer a justiça eterna, e selar a visão e a profecia, e para ungir o santíssimo.
- 25Sabe e entende: desde a saída da ordem para restaurar e para edificar Jerusalém até o ungido, o príncipe, haverá sete semanas, e sessenta e duas semanas. Ela será reedificada com praças e ruas, mas em tempos difíceis.
- 26"E depois de sessenta e duas semanas, o ungido será tirado, e já não estará;* e o povo do príncipe que virá destruirá a cidade e o santuário, e o seu fim será com uma inundação; e até o fim haverá guerra; assolações estão determinadas."
- 27"E ele fará uma firme aliança com muitos por uma semana; e na metade da semana fará cessar o sacrifício e a oferta; e sobre a asa das abominações virá o assolador, até a destruição determinada, que será derramada sobre o assolador."
A visão de um homem vestido de linho
- 1"No terceiro ano de Ciro, rei da Pérsia, uma palavra foi revelada a Daniel, cujo nome é Beltessazar, uma palavra verdadeira sobre um grande conflito; e ele entendeu esta palavra e teve entendimento da visão."
- 2Naqueles dias, eu, Daniel, estava chorando por três semanas inteiras.
- 3Não comi nada agradável, nem carne nem vinho entraram na minha boca, nem me ungi com óleo, até que se cumpriram as três semanas completas.
- 4No dia vinte e quatro do primeiro mês, eu estava à margem do grande rio, o Tigre.
- 5"Levantei os olhos, olhei e vi um homem vestido de linho e com um cinto de ouro fino de Ufaz;"
- 6"seu corpo era como o berilo, e seu rosto como um relâmpago; seus olhos eram como tochas de fogo, e seus braços e seus pés como o brilho de bronze polido; e a voz das suas palavras como a voz de uma multidão."
- 7"Só eu, Daniel, vi aquela visão; os homens que estavam comigo não a viram: apesar disso, caiu sobre eles um grande temor, e eles fugiram para se esconder."
- 8"Eu fiquei sozinho contemplando a grande visão, e senti-me enfraquecido; meu rosto ficou pálido, e não retive força alguma."
- 9"Entretanto, ouvi a voz das suas palavras; e, ouvindo o som das suas palavras, fiquei em transe, com o rosto em terra."
- 10"Então vi uma mão que me tocou e me levantou; os meus joelhos e mãos tremiam."
- 11Ele me disse: Daniel, homem muito amado, entende as palavras que vou te dizer e levanta-te, pois fui enviado a ti. Depois que ele me disse isso, eu me coloquei em pé, tremendo.
- 12Então ele me disse: Não temas, Daniel, porque as tuas palavras foram ouvidas desde o primeiro dia em que aplicaste o coração a compreender e a humilhar-te diante do teu Deus, e eu vim por causa das tuas palavras.
- 13"Mas o príncipe do reino da Pérsia me resistiu por vinte e um dias; e Miguel, um dos maiores príncipes, veio em meu auxílio, e eu o deixei ali* com os reis da Pérsia. "
- 14Agora vim para te fazer entender o que acontecerá ao teu povo nos últimos dias, pois a visão se refere a dias ainda distantes.
- 15Quando ele me disse isso, prostrei-me com o rosto em terra e fiquei mudo.
- 16"E um ser parecido com um homem me tocou os lábios; então abri a boca e falei, e disse àquele que estava em pé diante de mim: Senhor meu, estou aflito e desfaleço por causa da visão."
- 17Como pode o teu servo falar com o meu Senhor? Eu já não tenho forças nem fôlego.
- 18Então o ser que parecia um homem voltou a me tocar e me reanimou.
- 19E disse: Não temas, homem muito amado! Paz seja contigo! Sê forte e tem bom ânimo. E quando ele falou comigo, fiquei fortalecido e disse: Fala, meu senhor, pois me fortaleceste.
- 20"Ele ainda disse: Sabes por que eu vim a ti? Agora tornarei a lutar contra o príncipe dos persas; e, quando eu sair, o príncipe da Grécia virá."
- 21"Contudo, eu te declararei o que está escrito no livro da verdade; e ninguém me auxiliará contra aqueles, senão Miguel, vosso príncipe."
O futuro do império medo-persa e da Grécia
- 1No primeiro ano de Dario, rei dos medos, eu me levantei para animá-lo e fortalecê-lo.
- 2"Agora te declararei a verdade: Ainda se levantarão três reis na Pérsia, e o quarto será muito mais rico do que todos eles; e, quando se fortalecer por meio das suas riquezas, agitará todos contra o reino da Grécia."
- 3Depois, um rei poderoso se levantará e reinará com grande domínio e fará o que bem quiser.
- 4"Mas, enquanto estiver no poder, seu reino será desfeito e será repartido para os quatro cantos do céu; mas não para os seus descendentes, tampouco será poderoso como antes, porque o seu reino será arrancado e passará a outros."
Conflitos entre os reinos do norte e do sul
- 5"O rei do sul será forte, como também um dos seus príncipes; e este será mais forte do que ele, e reinará, e o seu domínio será muito grande,"
- 6"mas, depois de alguns anos, eles se aliarão; e a filha do rei do sul fará um tratado com o rei do norte. Porém ela não conservará o seu poder; nem manterá o dele. Naqueles dias, ela será entregue com os que a tiverem trazido, com seu pai e com quem a apoiava."
- 7"Mas alguém da linhagem dela se levantará em seu lugar e comandará o exército; ele atacará a fortaleza do rei do norte, lutará contra ela e será vitorioso."
- 8Ele levará seus deuses, com suas imagens de fundição, com seus vasos preciosos de prata e ouro, cativos para o Egito e deixará de atacar o rei do norte por alguns anos.
- 9Ele atacará o reino do rei do sul, mas voltará para sua terra.
- 10"Mas seus filhos intervirão, e reunirão um grande exército, o qual avançará arrasando tudo por onde passar; então, voltando, levará a batalha até a sua fortaleza."
- 11"Então o rei do sul se enfurecerá e sairá para lutar contra o rei do norte; este lhe resistirá com um grande exército, mas seu exército será derrotado."
- 12"Quando o exército for derrotado, seu coração se exaltará; mas, ainda que derrote milhares, não prevalecerá."
- 13"Porque o rei do norte voltará a enfrentá-lo com um exército maior do que o primeiro; depois de algum tempo, isto é, de alguns anos, ele atacará com grande exército e fortes armamentos."
- 14"Naqueles tempos, muitos se levantarão contra o rei do sul; e os violentos do teu povo se levantarão para cumprir a visão, mas eles cairão."
- 15"Assim, o rei do norte virá, levantará torres de ataque e conquistará uma cidade bem fortificada; e as forças do sul não poderão resistir, nem o seu povo escolhido, pois não haverá força para resistir."
- 16"O invasor fará o que bem entender, e ninguém poderá resistir-lhe; ele se firmará na Terra Gloriosa e a destruirá completamente."
- 17"Ele virá com toda determinação e força do seu reino, e fará um acordo com o rei do sul. Ele lhe dará a filha em casamento, para destruir o seu reino; porém isso não terá sucesso, nem será para sua vantagem."
- 18"Depois disso, voltará a atenção para as ilhas, e conquistará muitas delas; mas um príncipe porá fim à sua arrogância, e ainda lhe retribuirá com arrogância."
- 19Então ele voltará a atenção para as fortalezas da sua própria terra, mas tropeçará, e cairá, e não será achado.
- 20"Depois disso, será sucedido por um cobrador de tributos para manter a glória do reino; mas será destruído em poucos dias, e isto sem ira e sem batalha."
- 21"Depois, este será sucedido por um homem vil, o qual não recebeu a honra real; mas virá em tempos seguros e tomará o reino com engano."
- 22E um exército arrasador será varrido diante dele, e este será destruído juntamente com o príncipe da aliança.
- 23Depois que a aliança for feita, ele agirá de modo enganoso e conquistará o poder com pouca gente.
- 24"Virá também sobre os lugares mais férteis da província em tempos seguros, e fará o que seus pais nunca fizeram, nem os pais de seus pais; espalhará entre eles a presa, os despojos e os bens; e maquinará os seus projetos contra as fortalezas, mas por certo tempo."
- 25"Juntará força e coragem contra o rei do sul com um grande exército; e o rei do sul sairá à guerra com um exército grande e muito poderoso, mas não resistirá, pois maquinarão planos contra ele."
- 26"Até mesmo os que se alimentarem de sua comida o destruirão; e seu exército será varrido por uma invasão, e muitos serão mortos na guerra."
- 27"Também estes dois reis terão o coração voltado para o mal, e falarão mentira assentados à mesma mesa; mas a mentira não prosperará, porque ainda virá o fim no tempo determinado."
- 28"Então ele voltará para sua terra com muitos bens; mas se rebelará contra a santa aliança e fará o que bem entender, e voltará para sua terra."
- 29"No tempo determinado, invadirá outra vez o sul; mas desta vez não terá sucesso como na primeira."
- 30"Porque virão navios de Quitim contra ele, que lhe causarão tristeza; por isso voltará e se indignará contra a santa aliança, e fará o que bem entender. Voltará e atenderá aos que tiverem abandonado a santa aliança."
- 31Haverá forças ao lado dele que profanarão o santuário, isto é, a fortaleza, e tirarão o holocausto contínuo, estabelecendo a abominação assoladora.
- 32"Ele perverterá com engano os que tiverem violado a aliança; mas o povo que conhece o seu Deus se tornará forte e mostrará resistência."
- 33"Os sábios do povo ensinarão a muitos; porém serão feridos pela espada e pelo fogo, pelo cativeiro e pelo despojo por muitos dias."
- 34"Mas, quando forem feridos, serão ajudados com pequeno socorro; porém muitos se ajuntarão a eles com engano."
- 35Alguns dos sábios cairão para serem refinados, purificados e embranquecidos, até o fim do tempo, pois isso ainda será para o tempo determinado.
- 36"O rei fará conforme bem entender; ele se exaltará e se engrandecerá sobre todo deus, e dirá coisas terríveis contra o Deus dos deuses; e será próspero, até que se cumpra a indignação; pois aquilo que está determinado será feito."
- 37Ele não terá respeito pelos deuses de seus pais, nem pelo deus amado das mulheres, nem a qualquer outro deus, pois se engrandecerá acima de tudo.
- 38"Mas em seu lugar honrará ao deus das fortalezas; e honrará com ouro e com prata, com pedras preciosas e com coisas agradáveis a um deus a quem seus pais não conheceram."
- 39"Ele atacará fortalezas seguras com o auxílio de um deus estranho; multiplicará a glória aos que o reconhecerem e os fará reinar sobre muitos, e lhes repartirá a terra por um alto preço."
- 40"No fim do tempo, o rei do sul lutará com ele; e o rei do norte virá como turbilhão contra ele, com carros e cavaleiros, e com muitos navios; e invadirá nações arrasando tudo por onde passar."
- 41"Invadirá a Terra Gloriosa, e dezenas de milhares cairão; mas estes escaparão da sua mão: Edom e Moabe, e os principais dos amonitas."
- 42Ele estenderá o seu poder sobre muitas nações, e a terra do Egito não escapará.
- 43"Ele se apossará dos tesouros de ouro e de prata, e de todas as coisas preciosas do Egito; os líbios e os etíopes o seguirão."
- 44"Mas os rumores do oriente e do norte o assustarão; e ele sairá com grande furor para destruir e aniquilar a muitos."
- 45"Ele armará as tendas do seu palácio entre o mar Grande e o glorioso monte santo; apesar disso, o seu fim virá, e ninguém o socorrerá."
O tempo do fim
- 1"Naquele tempo, Miguel, o grande príncipe, se levantará a favor dos filhos do teu povo; e haverá um tempo de tribulação como nunca houve desde que existiu nação até então; mas naquele tempo, o teu povo, todo aquele cujo nome estiver escrito no livro, será liberto."
- 2Muitos dos que dormem no pó da terra ressuscitarão, uns para a vida eterna, e outros para vergonha e desprezo eterno.
- 3"Os que forem sábios resplandecerão como o fulgor do firmamento; e os que converterem a muitos para a justiça, brilharão como as estrelas, sempre e eternamente."
- 4"Porém tu, Daniel, sela as palavras e sela o livro, até o fim do tempo; muitos correrão de uma parte para outra, e o conhecimento se multiplicará."
- 5Então eu, Daniel, olhei e vi que estavam em pé outros dois, um de um lado da margem do rio, e o outro do outro lado.
- 6Eu perguntei ao homem vestido de linho, que estava acima das águas do rio: Quanto tempo haverá até o fim destas maravilhas?
- 7Então ouvi o homem vestido de linho, que estava acima das águas do rio, quando levantou ao céu a mão direita e a mão esquerda, e jurou por aquele que vive eternamente que isso seria para um tempo, tempos e metade de um tempo. Quando o poder do povo santo tiver sido destruído, todas estas coisas se cumprirão.
- 8"Eu ouvi, mas não entendi; por isso perguntei: Meu senhor, qual será o fim destas coisas?"
- 9Ele respondeu: Vai-te, Daniel, porque estas palavras estão lacradas e seladas até o tempo do fim.
- 10"Muitos se purificarão, se embranquecerão e serão refinados; mas os ímpios agirão com impiedade; e nenhum deles entenderá; mas os sábios entenderão."
- 11Desde o tempo em que o holocausto contínuo for tirado, e a abominação assoladora for estabelecida, haverá mil duzentos e noventa dias.
- 12Feliz do que espera e chega aos mil trezentos e trinta e cinco dias.
- 13"Tu, porém, vai-te, até que chegue o fim; pois descansarás, e receberás a tua herança no final dos dias."
Versão: Almeida Século 21